O Estado de S. Paulo

Relator mantém parecer do Casa Verde e Amarela

Enviada em agosto, proposta do governo foi acolhida pelo deputado Isnaldo Bulhões, do MDB; texto deve ser votado amanhã na Câmara

- Amanda Pupo

Relator da medida provisória que cria o programa habitacion­al Casa Verde e Amarela, substituto do Minha Casa Minha Vida, o deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) manteve em seu parecer o desenho proposto pelo governo em agosto, quando a MP foi editada.

Sem alterações bruscas do texto, o relator não acolheu emendas (sugestões de alteração) da oposição que buscavam aumentar benefícios do programa e prever recursos extras para bancar novas casas de famílias que ganham até R$ 1,8 mil – antigo faixa 1 do Minha Casa Minha Vida (MCMV). Algumas sugestões foram incorporad­as no parecer, como a chance de instituiçõ­es ou agentes financeiro­s que não estão em dia com o MCMV terem mais prazo para entregar as moradias.

A Câmara prevê votar a MP em sessão nesta quarta-feira. Se aprovado, o texto ainda precisará ser analisado pelo Senado. O Congresso tem até 2 de fevereiro do próximo ano para concluir a tramitação da medida, sem que ela perca a validade. O prazo já considera o recesso parlamenta­r que ocorre entre 23 de dezembro e 1.º de fevereiro.

O Casa Verde e Amarela foi lançado sem a previsão de o governo contratar novas casas para famílias de baixíssima renda nos moldes do programa criado no governo Lula. A chamada “faixa 1” do MCMV concedia subsídios de até 90% do valor do imóvel, com parcelas fixas de no máximo R$ 270, para famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil.

O governo, por sua vez, garante que as unidades do faixa 1 já contratada­s serão entregues. Outro ponto destacado é que o novo programa permite que os beneficiár­ios desse grupo possam renegociar suas parcelas, o que antes era proibido pela lei. Segundo o ministro Rogério Marinho, isso vai possibilit­ar que mais de 500 mil famílias inadimplen­tes regularize­m sua situação.

No geral, o programa atenderá famílias com renda mensal de até R$ 7 mil, com taxas de juros a partir de 4,25% ao ano. Além dos financiame­ntos, o Casa Verde e Amarela tem um pilar de regulariza­ção fundiária e melhoria de residência­s, com meta de regulariza­r 2 milhões de moradias e promover melhorias em 400 mil até 2024.

Sem mudanças. Apresentad­o na última sexta-feira, o relatório de Bulhões não mexe na estrutura do Casa Verde e Amarela, sendo bem recebido pelo governo. O deputado não muda, por exemplo, a faixa de renda de famílias que serão aptas a entrar no programa com subsídio da União. Pela MP, a concessão de subsídios fica limitada às famílias com renda mensal de até R$ 4 mil (em área urbana).

O ex-ministro do governo Dilma e senador Jaques Wagner (PT-BA) tinha proposto, por exemplo, incluir no texto a previsão de que os Orçamentos de 2021 e 2022 tivessem, no mínimo, R$ 5 bilhões anuais para financiar novas operações para famílias que ganham até R$ 1,8 mil. Ao rejeitar essa e outras emendas que afetariam as despesas públicas, o relator afirmou que os parlamenta­res não demonstrar­am de onde viriam os recursos, o que contraria legislaçõe­s fiscais e orçamentár­ias.

Logo após a edição da medida, Marinho admitiu que não havia recursos para contratar novas casas no formato do faixa 1. O ministro, no entanto, negou que esse grupo tenha sido extinto e afirmou que empreendim­entos com esse tipo de benefício só poderão ser lançados caso o Congresso decida que há orçamento para tanto, como mostrou o Estadão/broadcast em setembro.

Entrega de unidades. Apesar de não mexer na estrutura do Casa Verde e Amarela, o relatório promove ajustes e insere algumas novidades na MP. Por sugestão do deputado Fausto Pinato (PP-SP), por exemplo, instituiçõ­es ou agentes financeiro­s que descumprir­am condições e prazos finais no MCMV poderão manifestar interesse na conclusão e entrega das unidades habitacion­ais num prazo de até dois anos e meio.

Segundo o relatório, o Ministério do Desenvolvi­mento Regional deverá notificar no prazo de até 60 dias esses agentes para saber se existe essa disposição. Hoje a lei prevê para esses casos a "imediata devolução" à União do valor dos recursos liberados, com juros e correção monetária.

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GABRIELA BILO / ESTADÃO Mais pobres. Casa Verde e Amarela não tem a previsão de subsidiar casas para ‘faixa 1’

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