O Estado de S. Paulo

A liberdade de voar, apesar da pandemia

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Devastador­a e implacável. Embora talvez soem um tanto dramáticas demais, essas qualificaç­ões parecem ajustadas às dimensões e ao ineditismo da crise em que as companhias aéreas foram lançadas como consequênc­ia das medidas adotadas em todo o mundo para enfrentar a pandemia de covid-19. Elas foram utilizadas pelo diretor-geral da Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), Alexandre de Juniac, para sintetizar a situação das empresas do setor.

As empresas aéreas conseguira­m cortar 45,8% de seus custos, mas suas receitas caíram 60,9% por causa da pandemia. O resultado é um prejuízo líquido total estimado em US$ 118,5 bilhões em 2020. Será o pior resultado da história da aviação comercial.

E não se vislumbra céu azul no futuro próximo. Em 2021, as perdas das companhias aéreas em todo o mundo deverão somar US$ 38,7 bilhões. Será um prejuízo US$ 80 bilhões menor do que o estimado para este ano, mas ainda assim será o segundo maior da história. E as perdas serão mais sentidas no primeiro semestre do próximo ano, pois resultados melhores são esperados apenas na segunda metade de 2021.

Este ano financeiro está sendo desastroso para as companhias aéreas. A crise, como observou a Iata, desafiou as empresas a assegurare­m sua sobrevivên­cia. Não parece exagero. Elas perderam mais de meio trilhão de dólares em receitas (que caíram de US$ 838 bilhões em 2019 para US$ 328 bilhões neste ano). O corte brutal de custos de US$ 365 bilhões (de US$ 795 bilhões para US$ 430 bilhões) não foi suficiente para cobrir as perdas das receitas. Em média, as empresas cortaram diariament­e US$ 1 bilhão de despesas ao longo do ano e ainda acumularão perdas sem precedente­s.

Supondo-se que haja abertura parcial das fronteiras até meados de 2021 (o que a disponibil­idade de vacinas contra a covid-19 poderá facilitar), as receitas podem chegar a US$ 459 bilhões, ainda bem menores do que as de 2019. Mesmo com a projeção de aumento mais lento dos custos, as companhias aéreas perderão US$ 13,78 por passageiro transporta­do.

A saída da crise, segundo a Iata, depende de auxílio financeiro dos governos, do uso de testes para permitir viagens mais seguras e do progresso das pesquisas das vacinas. “A sede de liberdade de voar não foi eliminada pela crise”, acredita a Iata.

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