MORRE, AOS 97, EDUARDO LOURENÇO
Professor, filósofo, escritor e crítico literário, o português Eduardo Lourenço morreu ontem (1º) aos 97 anos. Um dos maiores nomes da literatura portuguesa e um dos principais intelectuais de seu país, Eduardo Lourenço foi reconhecido com o Prêmio Camões, o mais prestigioso da língua portuguesa, em 1996, e também com os prêmios Vergílio Ferreira e Pessoa.
Crítico literário de formação pluralista, que navegava por territórios como a filosofia, a literatura e a história, ele é autor de uma série de livros. Mitologia da Saudade foi sua primeira obra publicada no Brasil, em 1999, pela Companhia das Letras. Em 2001, a editora lançou A Nau de Ícaro, coletânea de 20 textos em que ele reflete sobre os complexos laços que unem e afastam brasileiros e portugueses – uma relação pautada pelo ressentimento e delírio.
Nascido em 23 de maio de 1923, em São Pedro do Rio Seco, Eduardo Lourenço foi professor de Filosofia na Universidade da Bahia por um ano, a partir de 1958, e de universidades de outros países ao longo de sua trajetória. Em entrevista a Rui Moreira Leite em 2009, ele conta que foi aqui que começou a se interessar pelo tema do império e da colonização. “E no fundo foi aqui que nasceu a ideia de que não se podia ter uma leitura da história portuguesa, da cultura portuguesa, sem conhecer esta outra parte do que tinha sido o império português. Em última análise, portanto, todo o arrière plan do
Labirinto da Saudade tem a ver com a minha estada na Bahia.”