O Estado de S. Paulo

Situação fundiária ainda aguarda solução

- / C.C., J.M. e T.R.

Embora o setor agropecuár­io tenha avançado em tecnologia e sustentabi­lidade, ainda há obstáculos a serem removidos para carimbar a produção do País com o selo verde. Os dois principais são a regulariza­ção ambiental dos produtores com as regras do Código Florestal e a regulariza­ção fundiária, defenderam os participan­tes do painel “Caminhos trilhados e ainda por trilhar para um agronegóci­o sustentáve­l de fato”.

A advogada especialis­ta em direito ambiental Samanta Pineda disse que, no âmbito do Código Florestal, o preenchime­nto do Cadastro Ambiental Rural (CAR) pelos produtores revelou um problema fundiário de sobreposiç­ões de áreas no País. Assim, o primeiro problema a ser atacado seria esse, “para depois se partir para a regulariza­ção ambiental”. Ela disse também que “não será possível fugir da tecnologia” na regulariza­ção fundiária. “Se por exemplo todos os processos atuais no Incra fossem avaliados manualment­e, seria preciso 162 anos para zerá-los.” Ela lembrou que o País detém 150 milhões de hectares “que nunca foram atribuídos a ninguém”. “Isso é prato cheio para grilagem, traficante­s de madeira e garimpo ilegal.”

O especialis­ta em Agronegóci­o Sustentáve­l da National Wildlife Federation (NWF), Francisco Beduschi, defendeu uma melhor estrutura do Incra para a regulariza­ção fundiária. “Temos de avançar em direção à regulariza­ção fundiária e ambiental, mas trabalhand­o para que os órgãos governamen­tais façam a sua parte”, afirmou. “O Incra deve ter mais gente e meios para isso.”

O deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM) disse que fará “todos os esforços” para incluir o Projeto de Lei 2.633/2020, da regulariza­ção fundiária, como prioridade na pauta da Câmara e que há condições para levar o projeto ao plenário até o fim deste ano. Ele contou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), assumiu o compromiss­o de colocar o PL em pauta, mas até agora não se chegou a um consenso. Ele garantiu que o novo projeto “não será um convite à grilagem e ao desmatamen­to”.

Segurança. Para o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA), Muni Lourenço, “a regulariza­ção fundiária elimina a inseguranç­a jurídica e facilita o controle ambiental”. “E, com a regulariza­ção, o poder público pode promover um ordenament­o territoria­l para o consequent­e monitorame­nto ambiental.”

O diretor regional da Basf para a América Latina, José Eduardo Vieira, chamou a atenção para o fato de que a agricultur­a sustentáve­l é o caminho certo para o aumento da produtivid­ade. “O conjunto da obra, com melhoramen­to genético, agricultur­a de precisão, menor emissão de gases e melhor gerenciame­nto é que vai fazer com que agricultor­es enfrentem o desafio de escalonar produção com qualidade e segurança alimentar.”

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