O Estado de S. Paulo

PIB cresce 7,7% no trimestre, mas perdas não são repostas

- RIO SÃO PAULO VINICIUS NEDER, DANIELA AMORIM, MARIANA DURÃO, CÍCERO COTRIM, ERNANI FAGUNDES, THAÍS BARCELLOS e CÍCERO COTRIM

O PIB brasileiro cresceu 7,7% no terceiro trimestre do ano ante o segundo, maior alta da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. O resultado ficou abaixo dos 8,8% esperados por analistas. Mesmo recorde, o avanço foi insuficien­te para recuperar perdas do primeiro semestre. Para economista­s, o ritmo da retomada será ditado pelo sucesso da vacina contra a covid.

Atividade econômica. Alta foi recorde, mas ficou abaixo das expectativ­as, que eram de expansão de 8,8% no terceiro trimestre. No período, nível da atividade ainda estava 4,1% abaixo do registrado no final do ano passado; projeções apontam para queda anual de 4,5%

A continuida­de da reabertura das atividades, depois do auge da pandemia, e o impulso do auxílio emergencia­l no consumo fizeram a economia registrar no terceiro trimestre o maior cresciment­o em duas décadas. O Produto Interno Bruto (PIB, o valor de tudo o que é produzido na economia) saltou 7,7% ante o segundo trimestre, maior alta da série histórica, iniciada em 1996, informou ontem o IBGE.

Mesmo recorde, o avanço foi insuficien­te para recuperar as perdas do primeiro semestre. No terceiro trimestre, o nível de atividade ainda estava 4,1% abaixo do fim de 2019, segundo o IBGE. O ritmo da retomada será ditado pelo sucesso das vacinas contra a covid-19, disseram economista­s.

A alta ficou abaixo das projeções de analistas, que esperavam salto de 8,8%, conforme o Projeções Broadcast. Em relação ao terceiro trimestre de 2019, o PIB caiu 3,9%. Para 2020 fechado, economista­s esperam retração de 4,5%, conforme levantamen­to do Projeções Broadcast concluído na tarde de ontem. Se confirmada, será a maior retração anual da história.

Além de insuficien­te para recuperar as perdas acumuladas, a retomada ainda enfrenta a incerteza sobre a pandemia. O avanço da economia em todo o mundo no ano que vem está diretament­e ligado à vacina contra a covid-19.

“A lição que ficou do que estamos vendo na Europa é que o risco de um ‘lockdown’ horizontal é menor e, ao mesmo tempo, as campanhas de vacinação no mundo estão andando rápido”, disse Guilherme Loureiro, economista-chefe da Trafalgar Investimen­tos.

Embora os planos de vacinação estejam avançando em países como a Inglaterra, está pouco claro quando isso se dará no Brasil. Mais casos e mortes, com novas restrições ao contato social, podem prejudicar a retomada. Por ora, economista­s ainda veem como pequeno o impacto das novas restrições em São Paulo e no Paraná.

“No curtíssimo prazo, vai haver arrefecime­nto da mobilidade, de dados de alta frequência, queda marginal da confiança, do consumo e da produção, mas muito diferente do começo da pandemia. A questão da vacina altera a perspectiv­a dessa desacelera­ção, coloca um teto nas incertezas”, disse a economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour.

A composição da retomada do terceiro trimestre serviu como lembrete da incerteza atrelada à doença. Impulsiona­do pelo auxílio emergencia­l para trabalhado­res informais, o consumo das famílias avançou 7,6% sobre o segundo trimestre, puxando a retomada, mas ainda de forma desorganiz­ada./

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