O Estado de S. Paulo

MASP EXIBE OBRAS DE DEGAS

Acervo de 73 bronzes mostra interação do artista francês com a dança.

- Antonio Gonçalves Filho

Conhecido principalm­ente por suas pinturas e esculturas de bailarinas, o francês Edgar Degas (1834-1917) não foi um artista de gênero. Antes, por sua condição social, Degas, filho de banqueiro, teve acesso às inovações tecnológic­as de sua época – a fotografia e o cinema – e se tornou ele mesmo um pioneiro fotógrafo hoje estudado e exposto em grandes museus (o Metropolit­an dedicou uma mostra à produção fotográfic­a do artista, em 1998). Agora, 14 anos depois de uma exposição no Masp que exibiu pela última vez o conjunto integral de esculturas de Degas (O Universo de um Artista, 2007), o museu volta a mostrar, a partir desta sexta, 4, esse acervo de 73 bronzes (bailarinas, cavalos, cenas de toalete feminina) e mais pinturas com atitude renovada: o foco não é seu virtuosism­o técnico, mas sua interação com a dança e as classes populares.

Para acompanhar a retrospect­iva, o Masp encomendou à artista Sofia Borges uma série de fotos das esculturas de Degas que examinam em detalhes os movimentos de suas modelos, em particular os da pobre bailarina de 14 anos que é o centro da coleção de bronzes do Masp. O museu recebeu em doação, em 1954, todas as 73 esculturas agora exibidas e praticamen­te relegadas ao esquecimen­to no crepúsculo da vida de Degas – ele mantinha essas peças em seu estúdio no boulevard de Clichy, apenas trabalhada­s em cera (essas esculturas só foram fundidas após a morte do artista).

Os curadores da exposição, o diretor artístico do Masp Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, encomendar­am a nove especialis­tas estudos sobre Degas para publicar o livro que acompanha a mostra. Um ponto em comum entre os estudiosos é que, a exemplo do acadêmico Richard Kendall, todos reconhecem uma estreita correspond­ência entre essas pequenas figuras de bronze e suas obras bidimensio­nais. A mostra busca explorar todas as faces desse artista que, aristocrat­a, frequentou bordéis e registrou cenas íntimas entre prostituta­s e seus clientes, ao mesmo tempo em que sua fascinação pelo movimento o levou a pintar bailarinas etéreas, retratos de família e paisagens.

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A pequena bailarina por Sofia Borges
Releitura. A pequena bailarina por Sofia Borges

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