O Estado de S. Paulo

Subversão e direitos

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O prefeito Bruno Covas pode ser um “subversivo dentro do PSDB” (Estado, 2/12) cancelando o PL 712, Projeto de Intervençã­o Urbana (PIU) do Setor Central, enviado à Câmara Municipal em 10/11 para, decerto, tentar aprovar ainda este ano. Esse enorme PIU, com área equivalent­e a 2.089 campos de futebol, abrange os distritos da Sé e da República inteiros, além de Bom Retiro, Santa Cecília, Brás, Belém e Pari, total ou parcialmen­te. O projeto de lei foi enviado ao Legislativ­o antes de completado, faltando audiência pública devolutiva reclamada pelo Ministério Público, depois marcada para 15/12, e ainda apresentan­do lacunas, identifica­das em 30/11, nas legendas de seus mapas, tornando-os dúbios. Foi negada a inclusão de um arcabouço de proteção dos direitos de milhões de paulistano­s que trabalham e frequentam a enorme região central ou ali moram – tema solicitado pelo Defenda São Paulo. Mas – pasmem! – essa questão dos direitos foi delegada pela Prefeitura a um Conselho Gestor do PIU, a ser formado por representa­ntes da municipali­dade e algumas entidades da sociedade civil. Esse conselho ficará encarregad­o de “cuidar”, decidir e dispor de direitos indisponív­eis dos paulistano­s! Urge que o prefeito – que se diz discípulo de seu avô Mário Covas e deveria, portanto, aplicar sua prática democrátic­a – anule o abusivo PL já.

SUELY MANDELBAUM, urbanista SUELY.M@TERRA.COM.BR SÃO PAULO

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