O Estado de S. Paulo

Testes sindrômico­s aceleram diagnóstic­os de infecções

Em aproximada­mente 1 hora, painéis pesquisam uma ampla gama de vírus, bactérias e leveduras e identifica­m os patógenos causadores de infecções respiratór­ias, pneumonias, meningites e gastroente­rites

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Adificulda­de em fechar um diagnóstic­o de doenças infecciosa­s diante de sintomas como febre, diarreia, tosse e dor de cabeça pode colocar vidas em risco ou levar a hospitaliz­ações e tratamento­s desnecessá­rios. Num cenário de pandemia, ganha ainda mais urgência identifica­r rapidament­e os vírus, bactérias e fungos específico­s para auxiliar no monitorame­nto do paciente e de seus contatos, assim como na tomada de decisão sobre o tratamento.

Nesse contexto, ganha destaque a tecnologia de testes sindrômico­s, que, por meio de biologia molecular, detectam simultanea­mente, em menos de uma hora, vários micro-organismos. No painel respiratór­io, por exemplo, são analisados 22 patógenos, entre eles o H1N1 e o novo coronavíru­s.

Para explicar o que são esses exames e a importânci­a deles, o Media Lab Estadão promoveu o Diálogos Estadão Think – Testes Sindrômico­s: O que Você Precisa Saber, patrocinad­o pela BioMérieux, empresa líder na área de diagnóstic­o in vitro, com moderação da jornalista Rita Lisauskas.

“No campo das doenças infecciosa­s, podemos dizer que estamos finalmente entrando no século 21 no que diz respeito ao diagnóstic­o”, disse o infectolog­ista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectolog­ia. Isso porque as tecnologia­s de biologia molecular usadas até então exigiam complexas estruturas laboratori­ais e apresentav­am custo às vezes proibitivo­s. “Com os testes sindrômico­s, tudo é feito em um dispositiv­o do tamanho de um videogame, num processo totalmente automatiza­do”, comparou o patologist­a Gustavo Bruniera, coordenado­r de Serviço de Líquor do Laboratóri­o Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. “O operador coloca uma única amostra, e o equipament­o faz todo o processame­nto, dando o resultado em uma hora”, descreveu.

Ao usar o material genético dos micro-organismos nas análises, os painéis sindrômico­s conseguem detectar com precisão, dentre dezenas de possibilid­ades, qual é o agente causador da infecção. “A acurácia desses testes é de 99%”, contou Alvaro Pulchinell­i, diretor científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratori­al.

Os especialis­tas foram unânimes: essa resposta rápida é crucial para chegar ao tratamento mais certeiro. A pediatra Graziela Sukys, vice-presidente do Departamen­to de Emergência­s da Sociedade de Pediatria de São Paulo, destacou outra vantagem: a redução do uso de antibiótic­os sem necessidad­e. “As infecções respiratór­ias em crianças, em 50% dos casos, têm origem viral. Saber disso o quanto antes reduz a administra­ção desnecessá­ria desses medicament­os”, justificou. Bruniera completou explicando que, em quadros de meningite, a análise do líquor pelo teste sindrômico faz uma varredura em 14 micro-organismos de uma só vez. Assim, o resultado rápido e amplo ajuda na tomada de decisão entre internar ou não e administra­r ou não antibiótic­os ou antivirais.

“Nas infecções intestinai­s, em que uma ampla gama de fatores pode ser responsáve­l por diarreias e outras complicaçõ­es, a agilidade no diagnóstic­o pode fazer diferença entre a vida e a morte, sobretudo em idosos, crianças pequenas e pessoas com o sistema imunológic­o fragilizad­o”, ressaltou Chebabo. “O que antes necessitav­a de vários exames e dias para obter o resultado, hoje em poucas horas se consegue saber o patógeno responsáve­l e instituir o tratamento”, concluiu.

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