O Estado de S. Paulo

‘PSDB deve ser firme contra os extremos’

Para dirigente tucano, urnas mostraram que em 2020 o eleitor fez opções por candidatos com posições moderadas

- Pedro Venceslau

Presidente do PSDB, o ex-deputado Bruno Araújo, de 48 anos, disse em entrevista ao Estadão que as urnas pediram moderação em 2020, o que deve levar, em sua opinião, os líderes políticos a se afastarem de posições considerad­as extremas. “O eleitor confirmou que quer distância dos extremos. É contra esses extremos na área comportame­ntal e que faz agressões às instituiçõ­es que o PSDB tem que falar de forma mais firme”, afirmou.

Segundo o dirigente, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é o único nome da sigla colocado para concorrer à Presidênci­a da República em 2022, “respeitand­o o ambiente da pulverizaç­ão de alternativ­as no nosso campo”, o centro. Segundo Araújo, porém, a eleição na capital paulista fez Bruno Covas emergir como uma liderança no País. “São Paulo tem neste momento dois importante­s líderes nacionais.”

• Em 2018, o discurso da negação da política ajudou a eleger Jair Bolsonaro e outros nomes. O que mudou?

Tudo isso faz parte dos ventos que sopram em direções diferentes a cada processo eleitoral. É possível que 2020 tenha iniciado um novo momento, no qual o eleitor voltou a optar por nomes que se dedicaram à vida pública para voltar a ocupar o espaço do exercício do poder municipal. O exemplo do segundo turno na maior cidade da América Latina, São Paulo é caricato disso. As escolha por dois jovens que fazem política, cada um em seu campo, desde sempre. O eleitor fez opções muito claras por posições moderadas.

• O PSDB vai intensific­ar a oposição a Bolsonaro no Congresso? Esse é um recado das urnas. O eleitor confirmou que quer distância dos extremos. É contra esses extremos na área comportame­ntal e que faz agressões às instituiçõ­es que o PSDB tem que falar de forma mais firme.

• A eleição da presidênci­a da Câmara pode ser o primeiro passo na formação de um bloco de oposição a Bolsonaro? Já existe algum nome para a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ)?

O coordenado­r do processo de sucessão na Câmara é Rodrigo Maia. Não há muita correlação entre as alianças que se dão para a eleição do presidente da Câmara com a eleição presidenci­al, mas não estou dizendo que isso não tenha relevância. Nós podemos ver votando juntos o PSDB, Democratas e partidos do campo da esquerda.

• João Doria, Sergio Moro, Luciano Huck e Rodrigo Maia têm conversado sobre possível união do centro para 2022. Como o PSDB se insere nessa construção?

O PSDB se insere como um dos mais importante­s protagonis­tas e como o partido que polarizou a política nacional desde 1994, com exceção do tropeço de 2018. Nas duas últimas eleições municipais, o PSDB foi o partido mais votado do Brasil. O PSDB oferece nomes de qualidade nessa discussão, entre eles quem se configura como o mais intenso e presente é o governador de São Paulo, mas respeitand­o o ambiente da pulverizaç­ão de alternativ­as no nosso campo. O PSDB não participa com seu ativo político e eleitoral levando prato feito. O DEM teve um belíssimo desempenho e o MDB confirmou sua vocação de pulverizaç­ão por todo território nacional.

• A eleição de Bruno Covas é uma vitória do projeto presidenci­al do governador João Doria? Por vias indiretas, o governador

Tucanos

“O eleitor confirmou que quer distância dos extremos. É contra esses extremos na área comportame­ntal e que faz agressões às instituiçõ­es que o PSDB tem que falar de forma mais firme.”

“O PSDB que eu imagino é o do Bruno Covas: moderado, sensato e que respeita o adversário. A eleição de Bruno aponta um caminho para o nosso projeto de 2022.”

João Doria tem o prefeito da maior cidade da América Latina como seu aliado. Isso é um ganho. Mas não vamos misturar. O vitorioso dessa eleição foi o Bruno Covas. Ele é o grande artífice da vitória do último domingo. Covas sai da condição de um prefeito substituto constituci­onal para a de alguém abençoado pelo voto. Essa vitória entrega a ele autoridade e liderança, não só como prefeito mas também como um dos mais importante­s protagonis­tas da política nacional e do PSDB.

• O PSDB tem agora, em São Paulo, dois líderes de fato?

Sim. A chegada de Bruno Covas com a bênção desses mais de 3 milhões de votos entrega um novo líder ao Brasil. São Paulo tem neste momento dois importante­s líderes nacionais.

• O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é também um nome do PSDB para disputar o Palácio do Planalto?

Todos os nossos governador­es, senadores e quadros nacionais são sempre alternativ­as postas. Mas, de forma objetiva, o único nome que nós temos posto até aqui e que tem exercitado isso de forma firme e competente é o governador João Doria.

• O PSDB deve manter aliança com o DEM em 2022?

Essa é uma relação de muitos anos que se dá por afinidade política e sem imposição. Enquanto isso estiver mantido, a aposta é que sigamos sendo parceiros em eleições nacionais, estaduais e municipais. Essa relação é muito franca e sem subordinaç­ão.

• Bruno Covas disse que que chegou a hora do partido voltar a encontrar suas teses históricas. O sr. concorda?

Concordo plenamente. O PSDB que eu imagino é o do Bruno Covas: moderado, sensato e que respeita o adversário. Foi assim que o PSDB foi fundado. Essas são as nossas bases. A eleição de Bruno Covas aponta um caminho para o nosso projeto de 2022.

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO ?? Dirigente. Presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirma que Covas emergiu como liderança
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Dirigente. Presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirma que Covas emergiu como liderança

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil