O Estado de S. Paulo

PROMOTORES PEDEM LUGAR NO INÍCIO DA FILA

Ideia foi apresentad­a em reunião do conselho, mas procurador-geral decide não levar adiante

- Rayssa Motta, Pepita Ortega Fausto Macedo

Um grupo de promotores do Ministério Público paulista encaminhou ao procurador-geral, Mário Sarrubbo, e ao Comitê da Covid-19 do MP pedido para que “analise a possibilid­ade’ de se incluir a categoria em uma das “primeiras etapas prioritári­as” da vacinação contra a covid, “dada a atividade funcional da carreira”. O pedido, no entanto, acabou rejeitado pelo procurador-geral, para o qual “não tem o menor cabimento este tipo de situação”.

Na justificat­iva da reivindica­ção, há um trecho em que se afirma que “não é uma questão de egoísmo em relação a outras carreiras, mas tendo em vista notadament­e os colegas do primeiro grau, que trabalham com audiências, atendiment­o ao público e outras atividades em que o contato social é extremamen­te grande”. A iniciativa, segundo o site do MP, partiu do conselheir­o Arual Martins, em reunião do Conselho no dia 24.

Ao tomar ciência da ideia, Sarrubbo afirmou que encaminhar­ia a questão ao Gabinete de Crise e que “pode pessoalmen­te se empenhar em apresentar esse pleito ao Governo do Estado”. O PGJ sinalizou que há ainda outras vacinas que ‘têm se mostrado com eficácia muito boa’ e que há a expectativ­a de a imunização começar no primeiro semestre de 2021, “inicialmen­te para a população mais vulnerável, que seriam os idosos, os profission­ais de medicina, e assim por diante”.

Rejeição. Em nota sobre o pedido, no entanto, o MPSP derrubou a ideia. ‘Diferentem­ente do que vem sendo noticiado”, diz o texto, “não há qualquer solicitaçã­o formal por parte de promotores para sua inclusão nas etapas iniciais da vacinação”.

A nota vai além. Esclarece que “o assunto foi aventado por uma iniciativa de um membro do Conselho Superior da instituiçã­o. Todavia, não houve qualquer deliberaçã­o acerca do infundado questionam­ento.”

Segundo o texto, “quem encaminha os temas para votação no Conselho é o procurador-geral da Justiça, que não deu prosseguim­ento à discussão do assunto e tampouco fez qualquer gestão relativa a isso junto às autoridade­s sanitárias”.

Em seguida, o documento afirma que “o MPSP está certo de que os técnicos definirão o cronograma de aplicação da vacina contra o novo coronavíru­s com base em critérios científico­s, priorizand­o a imunização das parcelas mais vulnerávei­s à covid-19, tanto do ponto de vista médico quanto social.

A nota termina afirmando que o procurador-geral “não deu prosseguim­ento à discussão do assunto e tampouco fez qualquer gestão relativa a isso junto às autoridade­s sanitárias”.

O Estadão teve acesso ao áudio encaminhad­o por Sarrubbo, na quarta-feira, aos membros da instituiçã­o. Na gravação, o chefe do MP paulista esclarece que assentiu sobre a proposta “apenas para encerrar o assunto”.

Ele acrescenta que se compromete­u a levar ao governo estadual o abaixo-assinado de promotores só para “encerrar o assunto”. No áudio, o chefe do Ministério Público paulista diz por fim que “não tem o menor cabimento este tipo de situação”. E conclui: “Acho que temos de entrar nas regras gerais”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil