O Estado de S. Paulo

Demanda maior e custo menor na captação externa

-

Seis meses após a emissão de US$ 3,5 bilhões, o Brasil voltou ao mercado externo num quadro bastante favorável aos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, marcado por juros baixos e boa liquidez, e captou US$ 2,5 bilhões na quarta-feira passada. Estima-se que houve ofertas de até US$ 8,5 bilhões pelos papéis, o que mostra o apetite dos investidor­es internacio­nais.

Incertezas com os rumos da economia brasileira, especialme­nte em razão de indefiniçõ­es a respeito da condução da política fiscal – que tem resultado no cresciment­o da dívida pública –, não impediram que o Tesouro conseguiss­e vender três tipos diferentes de papéis, com taxas mais atraentes para o País do que as das emissões anteriores.

Os papéis vencem em 5, 10 e 30 anos. O mais longo foi vendido com a menor taxa de retorno da história, de 4,50% ao ano; em novembro de 2019, o custo para o papel com mesmo prazo de vencimento foi de 4,914% ao ano. O total de títulos chamados de Global 2050 (referência ao ano de vencimento) foi de US$ 750 milhões.

As taxas para os demais papéis também são menores do que as das emissões anteriores. O Tesouro emitiu US$ 500 milhões do Global 2025, que vence em cinco anos, com retorno de 2,20% (ante 3,00% em junho). Para o Global 2030 (títulos de dez anos), o Tesouro emitiu US$ 1,25 bilhão, com retorno de 3,45% (ante 4,00% em junho).

O momento de colocação dos papéis no mercado internacio­nal foi considerad­o oportuno por duas razões. Era uma das últimas janelas do ano para operações internacio­nais dessa natureza. Fontes do mercado observam que, após a primeira semana de dezembro, a liquidez do mercado de títulos tende a se reduzir.

Além disso, a volatilida­de do mercado, exacerbada em junho pelos sinais mais dramáticos da pandemia, arrefeceu no fim do ano. No meio do ano, era maior a percepção de risco de eventual calote da dívida externa brasileira, medido pelo Credit Default Swap (CDS), uma espécie de parâmetro da qualidade de títulos ao longo do tempo. Na época, o CDS para papéis brasileiro­s estava em 219 pontos básicos; na emissão desta semana, era de cerca de 155 pontos.

A emissão internacio­nal de papéis mais longos ajuda a melhorar o perfil da dívida pública brasileira, pois contribui para alongar também o prazo de vencimento médio do total.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil