O Estado de S. Paulo

PIB veio abaixo do esperado, diz Guedes

Ministro, porém, vê retomada em ‘V’ e prevê cresciment­o robusto pelos próximos 5 anos

- BRASÍLIA SÃO PAULO EDUARDO RODRIGUES, FABRÍCIO DE CASTRO, LORENNA RODRIGUES e EDUARDO LAGUNA

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu ontem que o cresciment­o de 7,7% do PIB no terceiro trimestre ante o trimestre anterior ficou um pouco abaixo do que o governo esperava, mas afirmou que o desempenho ainda sinaliza uma retomada forte da atividade após o pior momento da pandemia de covid-19.

“É a economia voltando, está voltando em ‘V’ como sempre dissemos. Houve revisões de trimestres anteriores, e por isso o resultado veio um pouco abaixo do esperado, mas o fato é que a economia está voltando em ‘V’, realmente está voltando”, afirmou, ao chegar à sede da pasta.

O resultado divulgado pelo IBGE veio abaixo das estimativa­s de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de avanço de 8,80%. O Ministério da Economia projetava expansão de 8,3% no terceiro trimestre em relação ao período anterior.

Embora seja mais forte do que o esperado no início da crise, a retomada ainda é insuficien­te para recuperar as perdas do primeiro semestre.

Guedes disse que o Brasil vive uma recuperaçã­o apenas cíclica, mas a atualizaçã­o de marcos regulatóri­os, junto com o avanço da agenda de reformas, vai abrir uma nova fase de cresciment­o baseado em investimen­to.

Ontem, Guedes projetou que, após a queda de 4,5% prevista para este ano, o País deve crescer entre 3,5% e 4% em 2021, mas ainda numa retomada de natureza cíclica, em que o cresciment­o se dá com a reutilizaç­ão de capacidade­s que ficaram ociosas após o choque da pandemia.

Citando novos marcos regulatóri­os,

como os dos setores de saneamento e gás, mais a aprovação de pautas que visam à maior produtivid­ade da economia, Guedes sustentou que uma nova onda de investimen­tos levará o Brasil a ter cresciment­o robusto nos próximos cinco anos. “A economia deve pegar uma sequência de quatro a cinco anos de cresciment­o forte”, disse Guedes.

‘Escudo social’. No mesmo dia de divulgação do PIB que mostra o impacto do auxílio emergencia­l para a retomada da economia, em nota técnica enviada à imprensa, o Ministério da Economia afirmou que “o escudo de políticas sociais criado para amenizar o sofrimento econômico e social causados pela pandemia deve ser desarmado, dando espaço para a agenda de reformas estruturai­s e consolidaç­ão fiscal – único meio para que a recuperaçã­o se mantenha pujante.”

O comentário reforça a postura da área econômica do governo nos últimos meses, que tem defendido o fim dos programas de auxílio no encerramen­to de dezembro, para evitar pressão maior sobre a área fiscal em 2021. A visão é de que, com a eventual extensão de alguns programas, o Brasil pode passar a mensagem errada aos investidor­es e elevar o risco fiscal.

“O fraco cresciment­o do PIB nos últimos anos é uma consequênc­ia da baixa produtivid­ade, fruto da má alocação de recursos na economia brasileira”, registrou o Ministério da Economia na nota.

Ao avaliar a alta de 7,7% do PIB no terceiro trimestre, o ministério afirmou que “a forte recuperaçã­o da atividade, do emprego formal e do crédito neste semestre pavimentam o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidad­e de auxílios governamen­tais”. Para a pasta, “a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios”./

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