PIB veio abaixo do esperado, diz Guedes
Ministro, porém, vê retomada em ‘V’ e prevê crescimento robusto pelos próximos 5 anos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu ontem que o crescimento de 7,7% do PIB no terceiro trimestre ante o trimestre anterior ficou um pouco abaixo do que o governo esperava, mas afirmou que o desempenho ainda sinaliza uma retomada forte da atividade após o pior momento da pandemia de covid-19.
“É a economia voltando, está voltando em ‘V’ como sempre dissemos. Houve revisões de trimestres anteriores, e por isso o resultado veio um pouco abaixo do esperado, mas o fato é que a economia está voltando em ‘V’, realmente está voltando”, afirmou, ao chegar à sede da pasta.
O resultado divulgado pelo IBGE veio abaixo das estimativas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de avanço de 8,80%. O Ministério da Economia projetava expansão de 8,3% no terceiro trimestre em relação ao período anterior.
Embora seja mais forte do que o esperado no início da crise, a retomada ainda é insuficiente para recuperar as perdas do primeiro semestre.
Guedes disse que o Brasil vive uma recuperação apenas cíclica, mas a atualização de marcos regulatórios, junto com o avanço da agenda de reformas, vai abrir uma nova fase de crescimento baseado em investimento.
Ontem, Guedes projetou que, após a queda de 4,5% prevista para este ano, o País deve crescer entre 3,5% e 4% em 2021, mas ainda numa retomada de natureza cíclica, em que o crescimento se dá com a reutilização de capacidades que ficaram ociosas após o choque da pandemia.
Citando novos marcos regulatórios,
como os dos setores de saneamento e gás, mais a aprovação de pautas que visam à maior produtividade da economia, Guedes sustentou que uma nova onda de investimentos levará o Brasil a ter crescimento robusto nos próximos cinco anos. “A economia deve pegar uma sequência de quatro a cinco anos de crescimento forte”, disse Guedes.
‘Escudo social’. No mesmo dia de divulgação do PIB que mostra o impacto do auxílio emergencial para a retomada da economia, em nota técnica enviada à imprensa, o Ministério da Economia afirmou que “o escudo de políticas sociais criado para amenizar o sofrimento econômico e social causados pela pandemia deve ser desarmado, dando espaço para a agenda de reformas estruturais e consolidação fiscal – único meio para que a recuperação se mantenha pujante.”
O comentário reforça a postura da área econômica do governo nos últimos meses, que tem defendido o fim dos programas de auxílio no encerramento de dezembro, para evitar pressão maior sobre a área fiscal em 2021. A visão é de que, com a eventual extensão de alguns programas, o Brasil pode passar a mensagem errada aos investidores e elevar o risco fiscal.
“O fraco crescimento do PIB nos últimos anos é uma consequência da baixa produtividade, fruto da má alocação de recursos na economia brasileira”, registrou o Ministério da Economia na nota.
Ao avaliar a alta de 7,7% do PIB no terceiro trimestre, o ministério afirmou que “a forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito neste semestre pavimentam o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais”. Para a pasta, “a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios”./