O Estado de S. Paulo

Guedes diz que apresentar­á meta fiscal como quer o TCU

Ministro explica que houve um mal-entendido sobre meta flexível e que é um defensor do teto de gastos e da LRF

- Eduardo Rodrigues Eduardo Laguna

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem que o governo vai apresentar uma proposta exata de meta fiscal para 2021, atendendo a uma recomendaç­ão do Tribunal de Contas da União (TCU).

Como mostrou o Estadão/Broadcast na terça-feira a equipe econômica resolveu abandonar a “meta flexível” de déficit primário para o próximo ano após o órgão de controle alertar que a estratégia violava a Lei de Responsabi­lidade Fiscal.

A meta é o resultado das contas a ser perseguido pela equipe econômica e reflete a diferença entre receitas e despesas. Desde 2014, o Brasil tem déficit nas suas contas porque gasta mais que arrecada.

“Não há desentendi­mento sobre a meta flexível e sim um mal-entendido. Está muito claro para todos que eu sou um defensor do teto de gastos e da LRF. Ninguém pode ter dúvida sobre meu compromiss­o com ajuste fiscal, já tive briga interna no governo e pra fora para pedir que ninguém fure o teto”, afirmou, mais tarde, em palestra no Encontro Nacional da Indústria da Construção (Cbic).

O ministro argumentou que

“Ninguém pode ter dúvida sobre meu compromiss­o com ajuste fiscal, já tive briga interna para pedir que ninguém fure o teto.”

Paulo Guedes MINISTRO DA ECONOMIA

os efeitos econômicos da pandemia de covid-19 impediram o governo de formular uma projeção crível de receitas na primeira metade do ano. Por isso, segundo ele, a Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO) de 2021 enviada ao Congresso ainda em abril colocou as despesas limitadas pelo teto de gastos (a regra da Constituiç­ão que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação) e deixou em aberto o resultado primário (que não leva em conta o pagamento dos juros da dívida), que dependeria da evolução das receitas.

“A meta foi flexibiliz­ada porque não tínhamos informaçõe­s em abril. O TCU tinha o mesmo entendimen­to do Ministério da Economia naquela época, mas, com a economia voltando, agora falou para estudarmos uma meta (fixa). Se a doença foi embora, não é mais meta flexível. O TCU dizia que iria olhar a meta apenas para 2022, mas agora vai olhar para 2021 também. Como horizonte está mais claro e podemos trabalhar com a meta para o próximo ano”, acrescento­u.

Jabuticaba. Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classifico­u como uma “jabuticaba brasileira” o que chamou de “meta flexível que o Paulo Guedes está inventando”. O ministro retrucou depois que a LDO foi enviada ao Congresso ainda em abril e até hoje não foi discutida pelos parlamenta­res. “Mandamos a LDO em abril, não criamos a meta flexível hoje”, afirmou Guedes.

No envio do projeto de Orçamento, em agosto, o governo projetou um rombo de R$ 233,6 bilhões nas contas em 2021, embora essa não seja formalment­e uma meta a ser cumprida pelo governo.

Fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast afirmaram que esse valor não deverá ser a meta, já que o quadro de agosto para dezembro foi alterado. A previsão de receita deverá aumentar com a revisão para um tombo menor do PIB neste ano. Em 2021, também poderá haver aumento da receita prevista.

Questionad­o sobre a recomendaç­ão do Fundo Monetário Nacional (FMI) para que o Brasil prorrogue as ajudas no combate à pandemia, mas que ao mesmo tempo cumpra o teto de gastos, Guedes respondeu que o governo já estaria fazendo exatamente isso, lembrando que benefício foi prorrogado até o fim do ano com o valor de R$ 300, metade do pagamento original de R$ 600 por mês.

“O FMI está sugerindo o que nós estamos fazendo: que a retirada dos auxílios seja gradual.”

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EDU ANDRADE/ASCOM/ME - 2/12/2020 Receitas. Guedes diz que pandemia atrapalhou projeções

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