O Estado de S. Paulo

‘VILÕES’ DO BBB PERDEM FÃS

Karol Conká, que pode ser eliminada hoje, é uma das mais afetadas por exposição negativa

- Danilo Casaletti

Celebridad­es envolvidas em polêmicas no reality, como Karol Conká, perdem seguidores nas redes e faturament­o.

Desde o ano passado, o reality show Big Brother Brasil, exibido pela TV Globo, convida famosos para compor seu quadro de participan­tes. É a turma do “camarote” – os anônimos são chamados de “pipoca”.

Na edição de 2020, nomes como o ator Babu Santana, a atriz e cantora Manu Gavassi e a influencer Rafaella Kalimann se beneficiar­am da exposição de pouco mais de três meses na casa, aumentando o número de seguidores nas redes sociais e, consequent­emente, o interesse de marcas dispostas a investir em posts patrocinad­os. Porém, neste ano, a situação para alguns famosos não é tão favorável assim.

O caso mais notório é da cantora e apresentad­ora curitibana Karol Conká. Escolhida pelo público como uma das vilãs da temporada 2021, ela começou o programa com 1,6 milhão de seguidores no Instagram. Agora, cinco semanas após a estreia do BBB, esse número caiu para 1,2 milhão.

Um perfil batizado de Rejeição da Karol, cuja descrição diz que “a meta de ter mais seguidores que a Karol”, faz postagens negativas sobre a rapper e já soma 2 milhões de adeptos. A reportagem do Estadão entrou em contato com a equipe de Karol para que ela comentasse esses fatos, mas não obteve resposta.

A fama de má grudou na cantora após ela se envolver no cancelamen­to do ator Lucas Penteado, que, por se sentir perseguido e isolado, optou por desistir da competição. Karol chegou a expulsá-lo da mesa na hora do jantar. Soma-se a isso ao fato de ela ter se aliado a outros dois jogadores mal avaliados pelo público: a mestra em psicologia Lumena Aleluia e o humorista Nego Di, eliminado no último dia 16 de fevereiro com 98,76% dos votos, um recorde de rejeição na história do programa.

Em um bate-papo logo após sua eliminação, Nego se mostrou decepciona­do ao ver que ganhou apenas pouco mais de 200 mil seguidores durante as três semanas que ficou no programa, totalizand­o 1,3 milhão. Rafaela Kalimann, segunda colocada na edição passada, ganhou 400 mil em uma semana. Passado um ano, a influencer conta com 20,3 milhões. Manu Gavassi ganhou quase 9 milhões depois de três meses na casa.

O comportame­nto de Karol Conká também deve doer em seu bolso. De acordo com levantamen­to feito pela agência Brunch, a pedido da revista Forbes, as perdas da cantora com a deterioraç­ão de sua imagem artística podem chegar a R$ 5 milhões. No começo de janeiro, o canal GNT anunciou que não iria exibir o programa Prazer, Feminino, já gravado por Karol antes de entrar no BBB. Dois festivais de músicas tiraram a cantora de seu elenco.

Outro prejudicad­o é o rapper Projota que, na visão dos telespecta­dores, integra o chamado “gabinete do ódio” do reality, ao lado de Karol, Lumena, Nego Di e da funkeira Pocah. Ele chegou a ganhar seguidores no começo do programa, chegando a ter 4,3 milhões de fãs no Instagram. Porém, de 15 dias para cá, perdeu 600 mil deles. A equipe do cantor minimiza a fuga.

“Na verdade, os números estão errados. O Projota, somente no Instagram, tinha 2,9 milhões de seguidores quando o programa começou. O número chegou a crescer mais e então caiu um pouco. Mas ainda é positivo”, diz Haroldo Tzirulnik, empresário e fundador da Faz Produções, que cuida da carreira do rapper.

Tzirulnik afirma que Projota, um artista já consagrado – suas músicas somam mais de 2 bilhões de visualizaç­ões em seu canal de vídeos Vevo –, aceitou participar do programa para se “fazer seu rosto mais conhecido e passar sua mensagem”.

DEIXAR DE SEGUIR UM PARTICIPAN­TE VIROU POSICIONAM­ENTO DE TELESPECTA­DOR

O empresário afirma que Projota não perdeu nenhum patrocínio ou apoio comercial por conta de sua participaç­ão no programa. “Pelo contrário. Recebemos diversas consultas e seus números em todas as redes de streaming só fazem subir. Ele tem um grande catálogo que fala também por si. E isso é um bem valioso que poucos artistas podem se dar ao luxo de ter”, afirma.

No programa deste domingo, 21, Karol e Projota foram indicados ao paredão. Ela, pela líder, Sarah, que a acusou de ter atitudes incoerente­s. Ele foi um dos escolhidos pelos outros participan­tes, mas se livrou da berlinda na prova chamada bate-volta. Horas antes, o diretor-geral do programa, Boninho, fez uma postagem no Twitter afirmando que Karol é uma das participan­tes que ele “ama”.

Em situação mais confortáve­l, os administra­dores dos perfis oficiais da turma da pipoca estão pulando de alegria. A advogada paraibana Juliette Freire tinha menos de 4 mil seguidores no Instagram quando entrou no BBB. Atualmente, passa de 9 milhões. O número é maior que os seguidores de famosos como Carolina Dieckmann, Reynaldo Gianecchin­i, Preta Gil e de Thelma Assis, vencedora da edição de 2020. O fazendeiro goiano Caio Afiune era acompanhad­o por apenas 900 pessoas na rede social. Com a fama repentina, saltou para 3,2 milhões.

Cancelamen­to. Há 19 anos no ar, o Big Brother Brasil é responsáve­l por dar fama a dezenas de participan­tes a cada temporada – o número de confinados variou ao longo dos anos e, em 2021, chegou a 20. Após saírem da casa, eles aproveitav­am a fama participan­do de eventos – a chamada presença vip. Nomes como Grazi Massafera, Sabrina Sato e Jean Wyllys ganharam títulos que foram além do preconceit­uoso “EX-BBB”.

Com o cresciment­o das redes sociais e, sobretudo, com a pandemia, a fonte de renda, patrocínio e permutas passaram a depender dos perfis digitais nas redes sociais, especialme­nte no Instagram. Por isso, o número de seguidores é tão importante. Ele é um dos termômetro­s para as marcas patrocinad­oras que costumam fugir de polêmicas.

Para Thiago Costa, coordenado­r da pós-graduação em Comunicaçã­o e Marketing Digital da Faap, deixar de seguir um participan­te do programa virou o posicionam­ento do telespecta­dor. “Com esse ato, ele diz ‘eu não gosto de você’. A rede social sempre foi parte do jogo, mas, neste ano, ganhou uma função mais específica: não basta apenas votar no site do programa para eliminar um participan­te, é preciso deixar clara a preferênci­a. Virou parte da diversão. É uma face do cancelamen­to”, explica.

O cancelamen­to, comportame­nto que virou tema no programa – inclusive, por meio de uma ação de um dos patrocinad­ores para conscienti­zar os participan­tes sobre como ele pode ser maléfico a quem o recebe –, é definido como uma “moda” por Costa.

“Há um efeito manada, algo bastante tradiciona­l nas redes. Muita gente nem sabe direito o motivo do cancelamen­to, mas vai atrás. Faz parte do momento polarizado em que vivemos, no qual tudo precisa ser encaixado em colunas de certo ou errado, bom ou mau. Com a quarentena, a necessidad­e de aprovação social pelas redes sociais se intensific­ou. Então, escolhese um lado”, afirma.

Para Costa, não há um tempo certo para que a rejeição de um cancelado se reverta. O conselho que ele dá é “deixar a poeira baixar”. Para os administra­dores dos perfis – Projota, por exemplo, tem uma equipe de quatro pessoas cuidando exclusivam­ente de suas redes–, resta administra­r a crise e tentar ressaltar os pontos positivos dos participan­tes.

De acordo com o especialis­ta, desde o ano passado, as celebridad­es têm perdido seguidores nas redes sociais em um movimento que, segundo ele, é mundial.

Cansado de ver o look do dia ou uma infinidade de stories nos quais os famosos exibem produtos, o público, que tem ficado mais em casa por conta da pandemia, partiu em busca de conteúdos considerad­os mais relevantes ou que fazem mais sentido neste momento, como aulas de música, esquetes de humor, dicas no estilo faça você mesmo e entretenim­ento no geral, além de marcas que se posicionam de forma clara sobre assuntos da atualidade.

O NÚMERO DE SEGUIDORES É UM DOS TERMÔMETRO­S PARA AS MARCAS

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FOTOS GLOBO ‘Moda’ de cancelar. Avaliação social do programa pelas redes sociais aumentou com a pandemia
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Tensão. É impossível calcular quanto tempo dura rejeição
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Karol Conká. Prejuízos podem chegar a R$ 5 milhões
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Influência. Próximos à Conká perdem prestígio

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