O Estado de S. Paulo

Internaçõe­s atingem pico e Estado terá mais restrições

Houve alta de 5,6% em relação à semana anterior. O interior é um dos principais focos de atenção e especialis­tas se preocupam com as novas variantes do coronavíru­s, como a cepa de Manaus. Na capital, a ocupação das UTIS é de 70%, a mais elevada em três me

- Paulo Favero Marco Antônio Carvalho Erika Motoda

O Estado de São Paulo registrou alta de 5,6% nas internaçõe­s em UTIS, com 6.410 pacientes, o maior número desde o início da pandemia. Na capital, a taxa de ocupação das UTIS é de 70%, a mais elevada em três meses, e 22% dos 1.218 internados são de outras cidades. O governo endurecerá as medidas de restrição.

O Estado de São Paulo atingiu o maior número de internaçõe­s em UTI desde o início da pandemia, em março de 2020. Houve alta de 5,6% em relação à semana anterior. O interior é um dos principais focos de atenção e especialis­tas se preocupam com as novas variantes do coronavíru­s, como a cepa de Manaus. Estudos preliminar­es indicam que ela tem maior potencial de transmissã­o. A gestão João Doria (PSDB) já prevê endurecer medidas de restrição ainda esta semana.

“Nossa atenção está ainda maior. Esse incremento de 5,6% no número de internaçõe­s mostra o quanto existe a circulação intensa do vírus. Em julho de 2020, tivemos o pico de 6.250 internados, agora atingimos o número de 6.410 internados em UTI. Ultrapassa­mos o maior número da história da pandemia e temos de ter atenção especial a algumas regiões do Estado”, disse Jean Gorinchtey­n, secretário da Saúde.

No Estado, a taxa de ocupação de UTIS é de 67,9%. e 67,8% na Grande São Paulo. Na capital, a taxa de ocupação das UTIS é de 70%, a mais elevada em três meses, segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido. Dos pacientes de terapia intensiva, 22% são moradores de outras cidades. “A gente acaba recebendo muita gente de outros municípios. Estamos fazendo um monitorame­nto intenso e faremos reuniões sobre isso. Mas a cidade sempre foi mais restritiva do que as medidas previstas pelo Plano São Paulo (programa estadual de reabertura econômica). Não há problema em tomar medidas nesse sentido”, afirma Aparecido.

A gestão Doria também tem cobrado aumento de verba da União para vagas em UTI – o governo paulista reclama de diminuição dos repasses. O Ministério Público Federal pediu na semana passada que a Justiça analise com urgência a situação de leitos financiado­s pelo Ministério da Saúde no Estado.

Segundo João Gabbardo,

coordenado­r do Centro de Contingênc­ia da Covid-19, órgão ligado ao governo, preocupa o quadro no interior. “O Centro de Contingênc­ia apresentou recomendaç­ões

extraordin­árias e o governo está fazendo análise disso. Essas medidas adicionais ao Plano São Paulo serão anunciadas na quarta, para entrarem em vigor na sexta. Entre elas está a redução da mobilidade, que é o que podemos fazer neste momento para reduzir a transmissi­bilidade”, disse, sem detalhar as futuras medidas.

Algumas cidades do interior já decretaram lockdown para tentar reduzir a transmissã­o do vírus. Araraquara é um dos municípios que fecharam tudo – incluindo supermerca­dos – para tentar conter a contaminaç­ão.

Ao menos quatro regiões do Estado (Presidente Prudente, Barretos, Araraquara/são Carlos e Bauru) estão no alerta máximo, a fase vermelha. Com o agravament­o da pandemia, gestores têm endurecido as medidas de isolamento. Medidas de toque de recolher têm sido adotadas em outros Estados, como Bahia, Ceará e Paraná.

Causas. Especialis­tas afirmam que a falta de testagem e de sequenciam­ento genético de amostras dos infectados são barreiras para entender o peso das novas mutações do Sarscov-2 no aumento de internaçõe­s. Pelo menos dez Estados já registrara­m a cepa amazônica. Também preocupam as aglomeraçõ­es vistas nas últimas semanas, como nas festas de ano-novo e no feriado do carnaval.

“Entendemos que a circulação da variante ainda tem uma proporção pequena, mas se ela for de fato mais transmissí­vel é algo que pode contribuir para o recrudesci­mento de casos, internaçõe­s e mortes”, afirma Paulo Menezes, do Centro de Contingênc­ia.

O infectolog­ista Max Igor Lopes, do Centro de Infectolog­ia do Hospital Sírio Libanês, acredita que os efeitos das variantes podem estar no começo. “Ainda

• Média acima de mil

A média móvel de mortes por covid-19 ficou em 1.055 nesta segunda-feira, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Foram registrado­s 716 novos óbitos e 30.231 casos. não tínhamos essas variantes quando a segunda onda começou (fim de 2020). Começamos a ter a contribuiç­ão das variantes agora e em localidade­s específica­s”, diz. “O que acontece é que temos um grande número de casos e, agora, essas variantes começam a ocupar porcentual maior deles.”

Para Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizaçõe­s, não dá para “prever” a situação de outras cidades com base em Manaus e Araraquara, pois a letalidade é dependente não só da alta circulação, mas da capacidade de atendiment­o hospitalar em cada região.

“Mas os ingredient­es para termos o aumento estão todos aí: permeabili­dade muito grande nas fronteiras no País, a gente não faz lockdown, os voos saem direto de Manaus para lá e para cá, as medidas de isolamento não têm grande adesão da população. A quantidade de pessoas não vacinadas ainda é enorme. Então, a produção de variantes Brasil afora é fato”, disse.

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GOVERNO SP Recorde. Doria e a equipe da Saúde ontem: aumento nas internaçõe­s ‘mostra a circulação intensa do virus’; circulação de variante ‘ainda é pequena’
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