O Estado de S. Paulo

UM JARDIM VERTICAL EM CASA

Aprenda a fazer um jardim vertical em qualquer parede da sua casa

- Ana Lourenço

Melhore a qualidade do ar e ainda reduza o estresse.

O home office fez com que muitos investisse­m em plantas para a casa, numa tentativa de aproximaçã­o com a natureza. Além de melhorar a qualidade do ar, reduzir o estresse, ajudar na concentraç­ão e alegrar o espaço, o contato com a vegetação também pode servir como barreira sonora contra ruídos de baixa frequência, especialme­nte quando posicionad­a como jardim vertical.

A técnica pode ser aplicada em qualquer parede da casa, incluindo espaços pequenos.

Aliás, é exatamente o local escolhido que determinar­á o melhor sistema a ser utilizado. Para ambientes fechados, sem incidência de luz solar e com ar condiciona­do, por exemplo, são recomendad­os os jardins permanente­s, feitos com plantas artificiai­s, ou os preservado­s, feitos com folhas naturais desidratad­as e pigmentada­s.

Ambos os sistemas não precisam de nenhuma manutenção e têm fácil instalação, com placas prontas que devem ser fixadas na parede com pregos. Ao instalar, certifique-se de que todas as folhas estejam bem abertas para um ar mais realista.

Preparo. Antes de mais nada, observe o local da casa que será destinado ao jardim. A partir da luz solar e ventilação, escolha os tipos de plantas a serem comprados. Para espaços com exposição direta ao sol, o engenheiro agrônomo João Manuel Feijó, da Ecotelhado­s, recomenda aspargos, lambari roxo e dólar. Já para a sombra, jiboia, peperomia e samambaias.

“É interessan­te também conhecer o ciclo de vida da planta para não achar que tem algo de errado com ela, mas entender que ela está dormente durante o inverno e vai voltar a crescer de novo na primavera, por exemplo”, diz João.

As sacadas e varandas são os locais ideais pela facilidade de escoamento da água. Pensando nisso, a arquiteta Mona Singal, da Rua 141, criou um sistema para o seu projeto de 180 m² em Moema, São Paulo, em parceria com o escritório de paisagismo Seiva. “Fizemos calhas em cima do deck para conseguir escoar a água até o ralo do terraço. Com a vegetação ela fica bem escondida”, conta Mona, que optou por realçar as caracterís­ticas do espaço para os clientes.

“O casal de moradores tinha uma varanda bem subutiliza­da, mas não queriam integrar os ambientes. Por isso, a ideia foi valorizar as caracterís­ticas da área externa, com o deck, o jardim vertical e os bancos que acompanham a curvatura do prédio”, explica ela.

Depois de escolhido o local, é preciso optar pelo tipo de sistema: mantas ou grades. Para ambas recomenda-se a impermeabi­lização da parede, especialme­nte se existir um sistema de irrigação automatiza­do. “As plantas vão ficar juntinhas uma das outras, então às vezes você pode molhar o vaso e esquecer do outro, ou colocar mais água do que o necessário. As que mais sofrem são as plantas que estão acima do seu olhar, que exigem uma escada para serem cuidadas”, alerta a paisagista

Nãna Guimarães.

Um jardim vertical pode chegar a ter mais de cem vasos, a depender do tamanho da parede. Para se ter uma ideia, em um metro quadrado, costumam ser utilizados nove vasos. Assim, o sistema automatiza­do pode facilitar a rega e manter as plantas em bom estado durante uma viagem, por exemplo. Para regas manuais, prefira horários matinais. “As plantas também adormecem. Regando de manhã ela tem o dia inteiro para usar essa água, evaporar e dormir com as raízes secas”, explica Nãna.

Montagem. A instalação é parecida nos dois sistemas, basta adquirir o tipo de sustentaçã­o da sua preferênci­a – manta, treliça de madeira ou painel de ferro – e instalar na parede com a ajuda de parafusos e furadeira. Na internet, os preços variam entre R$ 50 e R$ 200. Para as duas últimas opções, é necessário também adquirir vasinhos de plástico para sustentar as plantas, que custam em média R$ 3 cada um. A quantidade de vasos usados deve ser definida pelos moradores. Certifique­se de que eles tenham furos na parte de baixo para o escoamento da água.

Em sistemas com madeira, fixe os vasos com pregos. Já nas grades de ferro, isso pode ser feito com a ajuda de amarradeir­as de nylon ou ganchos. Para isso, é preciso, na maioria das vezes, fazer furos nos lados direito e esquerdo da parte traseira do vaso para permitir a passagem dos sustentado­res. Um segredo para a beleza dos jardins verticais é a camuflagem de seus elementos, por isso, opte por todos da mesma cor ou pinte-os.

Com a base pronta, chega a hora de decorar. Antes de posicionar os vasos, no entanto, prepare-os com uma camada de argila expandida, uma manta de drenagem e outra de terra adubada. Deixe dois dedos entre a borda e a superfície. Comece colocando-os de cima para baixo, em uma sequência ziguezague para que as folhas de uma espécie “escondam” o vaso da outra. É indicado que entre elas tenha um espaçament­o de 10 cm.

Na última fileira, deixe os vasos entre 20 a 30 centímetro­s acima do piso. “Boas plantas para essa fileira são samambaias, polypodium, filodendro­s e cistus. Plantas que são menos sensíveis e com folhas mais largas”, indica Nãna.

A manutenção é essencial, pois com o tempo as folhas crescem e podem fazer sombras nas que estão abaixo. “O jardim bonito é o que tem manutenção todo mês”, resume a paisagista citando poda, adubação e fertilizaç­ão.

 ?? JULIA RIBEIRO ?? Local. Sacadas e varandas são ideais para um jardim vertical pelo escoamento de água: no projeto de Mona Singal, um sistema de calhas foi instalado
JULIA RIBEIRO Local. Sacadas e varandas são ideais para um jardim vertical pelo escoamento de água: no projeto de Mona Singal, um sistema de calhas foi instalado
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RAFAEL RENZO Decoração. Sistema com treliças de madeira pode dar destaque à parede
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ELAINE CARVALHO/VERTICAL GARDEN Opção. Jardins preservado­s são boas escolhas para os ambientes internos

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