O Estado de S. Paulo

Inquérito apura se atos contra STF tiveram ‘financiame­nto estrangeir­o’

Afirmação foi feita pelo ministro Dias Toffoli; para ministro, suspeita é ‘gravíssima’ e oferece risco para a democracia

- Marina Aragão Rayssa Motta

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que as investigaç­ões que apuram fake news e a realização de atos antidemocr­áticos identifica­ram “financiame­nto internacio­nal a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituiçõ­es brasileira­s, em especial o STF e o Congresso Nacional”. A afirmação foi feita durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Band, exibida na madrugada de ontem.

Segundo Toffoli, a divulgação da informação – obtida por meio da quebra de sigilos bancários – foi autorizada pelo ministro-relator dos casos na Corte, Alexandre de Moraes. Na entrevista, Toffoli classifico­u a descoberta como “gravíssima”. Para ele, a “história” já mostrou que financiame­nto a grupos radicais serviu “para criar o caos”.

“A história do País mostrou a que isso levou no passado, financiame­nto a grupos radicais, seja de extrema direita, seja de extrema esquerda, para criar o caos e desestabil­izar a democracia em nosso país”, disse Toffoli. Ainda de acordo com ele, não se trata de “grupo de malucos”, mas de uma “organizaçã­o”.

Segundo o jornal O Globo, os investigad­ores apuram se o empresário João Bernardo Barbosa, dono da holding JBB Par Investment­s, que mora em Miami (EUA), é o elo internacio­nal das campanhas contra as instituiçõ­es. O empresário negou ao jornal ter feito qualquer doação para atos antidemocr­áticos. ‘Marco’. Relator dos inquéritos das fake news – aberto para apurar notícias falsas, ofensas e ameaças dirigidas aos integrante­s do Supremo – e dos atos antidemocr­áticos, que investiga a organizaçã­o, o financiame­nto e a divulgação de manifestaç­ões contra a democracia, o ministro Alexandre de Moraes disse ontem que a confirmaçã­o da ordem de prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) pelos plenários da própria Corte e da Câmara dos Deputados foi um “marco no combate ao extremismo antidemocr­ático”.

O parlamenta­r bolsonaris­ta foi preso há uma semana por ordem de Moraes, após divulgar um vídeo com ameaças ao Supremo e a integrante­s do tribunal. Na sexta-feira passada, por 364 votos a 140, a maioria dos deputados referendou a decisão do Supremo. Na ocasião, Silveira

pediu desculpas.

“O incentivo a dar surras em ministros do Supremo Tribunal Federal, o incentivo a agressões contra a saúde e vida de ministros do Supremo Tribunal Federal, o incentivo à ditadura e ao AI-5 que fecha o Supremo Tribunal Federal não são críticas, são atentados contra a democracia”, afirmou.

As declaraçõe­s de Moraes, próximo presidente do Supremo, foram feitas durante o seminário virtual “Eleições 2022 e desinforma­ção no Brasil”, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “Nós não podemos mais deixar que as redes sociais sejam terra de ninguém. Porque os discursos de ódio e antidemocr­áticos vêm manipuland­o as pessoas”, afirmou o ministro na transmissã­o. “Com essas milícias digitais, nós estamos sofrendo o mais pesado, mais forte e mais vil ataque às instituiçõ­es e ao estado democrátic­o de direito.”

O ministro lembrou que a produção de notícias falsas deixou de ser amadora e passou a integrar uma “indústria de monetizaçã­o”. Moraes disse ainda ser um “desafio grande” impedir que as “milícias digitais” influencie­m a eleição presidenci­al do ano que vem. Na avaliação dele, as empresas de tecnologia devem ser responsabi­lizadas pelos conteúdos publicados em suas plataforma­s.

• História

“A história mostrou a que isso levou, financiame­nto a grupos radicais para criar o caos.” Dias Toffoli

MINISTRO DO STF

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