O Estado de S. Paulo

UM NOVO SELO PARA THRILLER E FANTASIA LIVRO

Ediouro mira agora na literatura de entretenim­ento e lança o Trama

- Maria Fernanda Rodrigues

Um dos maiores grupos editoriais do País, que publica desde clássicos, pela Nova Fronteira, a passatempo­s, pela Coquetel, e é ainda dona dos selos Pixel e Agir, entre outros, a Ediouro mira agora na ficção comercial e prepara os primeiros lançamento­s de seu novo selo, o Trama.

No catálogo, que está sendo criado com a consultori­a da editora argentina Trini Vergara, haverá apenas livros de fantasia e thrillers e a ideia principal, explica o editor André Marinho, é alcançar os leitores. Os novos e também os vorazes.

“Queremos conquistar as pessoas que ainda não têm muito o hábito da leitura e querem conhecer mais. Por isso, esperamos que os livros sejam uma porta de entrada para esse público. Mas também queremos publicar livros para quem já gosta muito de ler – e leitores de thrillers e de fantasia têm o costume de emendar uma leitura depois da outra. Queremos, enfim, levar entretenim­ento de qualidade, em boas edições, para as pessoas e assim fomentar a leitura e a cultura”, diz Marinho.

O nome do selo, que vem sendo preparado há dois anos e teria sido lançado em 2020 não fosse a pandemia, remete à ideia de que o público entre nos livros, se sinta um agente investigat­ivo e descubra o que há por trás do “tecido do texto”.

Neste primeiro ano, o Trama prevê lançar, a partir de março, um thriller por mês e uma fantasia a cada dois meses. A estreia será com dois livros. Onde Está Daisy Mason?, da escritora Cara Hunter, que vive em Oxford, é a investigaç­ão, por parte do detetive Adam Fawley (que aparece em outros livros da autora), do desapareci­mento de uma menina de 8 anos em uma festa de família. “O livro é interessan­tíssimo, difícil de largar. Ele parte da premissa de que o leitor é parte da investigaç­ão.” Segundo a editora, foram vendidas 500 mil cópias desse livro no

mundo todo. O segundo título é O Último

Sorriso na Cidade Partida, uma fantasia urbana de Luke Arnold – a estreia literária deste ator e roteirista americano, que é centrada na figura de um ex-soldado do Exército Humano e conta ainda com grifos, dragões, elfos, vampiros, lobisomens e monstros. “É como se fosse um romance noir misturado com fantasia e o autor se inspirou em Raymond Chandler”, comenta Marinho.

Na capa dos livros, conta o editor, haverá a indicação do subgênero em que aquela obra se situa – por exemplo, se é crime thriller ou psychologi­cal thriller e magic realism ou high fantasy, tudo em inglês mesmo.

Outro lançamento que o editor destaca, previsto para setembro, é Os Reis do

Wyld, uma fantasia épica bem-humorada. “Os protagonis­tas são uma espécie de boy band da Idade Média, que, já velhos, estão tendo que se reunir novamente. É muito divertido.”

Estão previstos ainda Eles Querem a Minha Morte, de Michael Koryta, cuja adaptação cinematogr­áfica com Angelina Jolie chega à HBO Max e aos cinemas em maio; Uma Bruxa no Tempo, de Constance Sayers; O Julgamento de Miracle Creek, de Angie Kim; Longo e Claro Rio, de Liz Moore;

Objetos Sublimes, de Janelle

Brown; O Hacker de Hong Kong,

de Chan Ho-kei; e Maldição: Uma Antologia dos Melhores Contos de Fada Sinistros, organizada por Marie O’regan e Paul Kane.

Trini Vergara, uma das criadoras da VR Editora e que está começando uma nova casa na Argentina, a Trini Vergara Ediciones, é parceira da Ediouro no projeto. “Escolhemos criar uma editora para atender ao leitor que busca na leitura, antes de tudo, entretenim­ento”, diz Trini Vergara. Ela concorda com André Marinho – os dois gêneros podem ser uma porta de entrada para a literatura – e comenta o poder que essas obras têm de prender a atenção do leitor. “Este é o melhor antídoto contra a obsessão generaliza­da que se vive com a pandemia e com o vírus. Um livro da Trama significa pelo menos 10 horas sem falar sobre o vírus ou sem ouvir nada sobre ele. Temos certeza de que isso é muito saudável.”

Trini reconhece que o novo selo encontrará forte concorrênc­ia, mas a notícia boa é que há muitos leitores que adoram esse tipo de obra e que cada livro representa um mundo e uma experiênci­a – não havendo, assim, competição entre eles. “Além disso, creio que os thrillers, e as histórias de crime em especial, têm hoje um atrativo poderoso, talvez relacionad­o com o espetáculo do crime desnudado que vemos diariament­e nos meios de comunicaçã­o e na realidade. No caso da fantasia, há uma geração de leitores na casa dos 30 anos ou mais que começou a ler com Harry Potter e O Senhor dos

Anéis e que seguem buscando histórias mágicas – mas, agora, com temas e problemáti­cas adultas”, explica a editora.

Para Trini Vergara, a literatura de entretenim­ento é coisa muito séria. Para cada livro escolhido para o catálogo, outros 30, 40 foram lidos e recusados. “Queremos surpreende­r o leitor com uma nova voz, um tema que vá além do argumento puro e nos apresente temáticas sociais, dilemas psicológic­os, dramas humanos como a imigração, o racismo e a discrimina­ção, e até o cuidado com o mundo em que vivemos”, finaliza a editora.

EDITORES BUSCAM BOAS HISTÓRIAS COM TEMAS DA ATUALIDADE

 ?? JUSTINE STODDART ?? Estreia. Primeiro lançamento é o best-seller de Cara Hunter
JUSTINE STODDART Estreia. Primeiro lançamento é o best-seller de Cara Hunter

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