MERCEDES BONITO, BOM E CARO
Nova safra do SUV GLA chega na versão AMG Line, por R$ 325,9 mil.
A nova geração do GLA, o menor SUV da Mercedes-benz, chega ao Brasil subvertendo a da lógica dos carros de entrada. Esse tipo de modelo tem, por princípio, foco no custo-benefício, o que é justamente o ponto fraco da novidade. Disponível a partir de março apenas na versão AMG Line e com tabela de R$ 325.900, o utilitário é 57% mais caro que o antecessor, que era feito na fábrica da empresa em Iracemápolis, no interior de São Paulo, que foi desativada.
Agora, o GLA vem da Alemanha e, por isso, ficou ainda mais suscetível à oscilação da cotação do dólar, que está na alturas. Então, porque alguém compraria o novo Mercedes? A resposta vem logo depois que o botão de ignição no painel é pressionado. Trata-se de um SUV urbano praticamente perfeito para quem não precisa de muito espaço a bordo nem tem mais de um filho pequeno.
Começando pela cabine, o acabamento é impecável, moderno e impressiona logo no primeiro contato. As duas telas de 10 polegadas unidas são muito bonitas e fáceis de usar e customizar. Isso inclui o sistema multimídia, com espelhamento de celular, e o Mbux, dispositivo com inteligência artificial que pode ser comandado por meio de voz, está muito bem calibrado e, portanto, reconhece até palavras de uso coloquial.
Os detalhes dos comandos e das saídas de ar-condicionado e dos botões com acabamento metálico dão um belo contraste com o preto brilhante, couro e algumas peças feitas de fibra de carbono. O carro não deixa de ter a reconhecida elegância da marca alemã, mas de uma forma que agradará aos mais jovens, que são o público do SUV.
Os bancos são ótimos, tanto do ponto de vista de conforto quanto de acolhimento ao motorista. As grandes abas laterais seguram bem o corpo em curvas. A ergonomia segue o mesmo nível de eficiência.
Além disso, o novo GLA é muito bem equipado. Há itens como carregador de celular por indução, assistente de manobras, câmera na traseira, faróis de LEDS, teto solar panorâmico e dispositivos de segurança como assistentes de ponto cego, manutenção em faixa, distância, direção e desembarque.
No entanto, os sensores mereciam uma calibragem mais refinada. Por qualquer coisa eles apitam, mesmo se não houver nada muito perto do carro. Isso acaba dando sustos no motorista, que pode ser induzido a frear de forma desnecessária.
Estreia da nova linha AMG. O GLA é o primeiro modelo da nova AMG Line à venda no País. Trata-se de um carro esportivado. Ou seja: o SUV não traz mudanças na mecânica, mas tem itens da divisão esportiva da Mercedes. Há soleira, pedais e para-choque e peças de acabamento exclusivos, bancos com maior apoio lateral, volante com base achatada, grade frontal cromada e rodas de 20 polegadas com pneus 235/45.
O novo GLA é maior que o anterior. São 4,41 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1.61 m de altura e 2,73 m de distância entre os eixos. O antigo tinha o mesmo comprimento, mas 1,80 m de largura, 1,49 m de altura e 2,69 m de entre-eixos. O porta-malas também cresceu de 421 litros para 435 l.
1.3 turbinado surpreende. Em relação ao desempenho, o SUV de entrada da Mercedes vai muito bem. Em números, o motor 1.3 turbinado, que já equipa os “irmãos” Classe A e GLB, está longe de impressionar. A potência, de 163 cv a 5.500 rpm e o torque, de 25,5 mkgf, podem parecer pouco para um carro que pesa 1.485 kg.
Na prática, porém, a coisa muda de figura. Isso porque o torque máximo está disponível a partir das 1.620 rpm e é entregue até as 4 mil rpm. Isso garante “tiros curtos” e muito eficientes no trânsito urbano. O câmbio automatizado de sete marchas e dupla embreagem reponde por parte dessa mágica.
Durante a avaliação, o GLA mostrou bom fôlego para sair da inércia e retomar velocidade. Prova disso é que para acelerar de 0 a 100 km/h são necessários 8,7 segundos e a velocidade máxima é de 210 km/h. E o melhor: o SUV faz 10,7 km na cidade e 12,8 km na estrada com um litro de gasolina, segundo informações da fabricante.
A nova suspensão também atua muito bem ao aliar boa dirigibilidade e conforto sobre pisos ruins. O sistema é do tipo Mcpherson na frente e Multilink atrás, com vários componentes feitos de alumínio para
reduzir o peso. O balanço e a transferência de peso na traseira ocorrem de forma eficiente, contribuindo com a boa estabilidade em curvas e arrancadas.
O conjunto absorve bem os impactos contra buracos por ter retorno de mola eficiente e conjunto suspensivo mais leve. Não há batidas secas e a condução é segura e divertida.
Parceria com a Renault. A eficiência do motor 1.3 turbinado do GLA é um trunfo não só para a Mercedes. Feito em parceria com a Renault, o quatro-cilindros será utilizado também nos novos Duster e Captur e no inédito Bigster, que já foi confirmado para o Brasil pela marca francesa e deve chegar em 2023 (leia mais na próxima página).
Antes, porém, virá no Captur. Em maio, a Renault começa a fazer o SUV renovado na fábrica de São José dos Pinhais (PR).