O Estado de S. Paulo

Motins em 3 cadeias do Equador deixam 62 mortos

Autoridade­s não disseram se todos eram detentos; presidente fala em ação coordenada por facções criminosas

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Pelo menos 62 pessoas morreram ontem em motins em três presídios do Equador, informou a polícia. Não está claro se todos os mortos eram detentos. Anteriorme­nte, as autoridade­s haviam confirmado 67 óbitos, mas corrigiram a informação.

A violência atingiu as prisões do porto de Guayaquil e das cidades andinas de Cuenca e Latacunga. Até ontem à noite, a polícia não disse se a ordem já havia sido restabelec­ida nas cadeias.

De acordo com o jornal equatorian­o El Universo, o primeiro motim foi registrado em Guayaquil. Criminosos da organizaçã­o Los Choneros teriam liderado o movimento. Ao menos dois policiais teriam ficado feridos. Em Cuenca, parentes disseram que presidiári­os invadiram um pavilhão onde ao menos 50 rivais estavam detidos.

O Ministério Público informou que 38 internos foram mortos no Centro de Reabilitaç­ão de Cuenca, que é de segurança máxima. Mais cedo, a polícia do Equador havia confirmado ao menos 50 mortes em comunicado no Twitter.

Um funcionári­o do Serviço de Atenção à Pessoas Privadas de Liberdade (SNAI) havia relatado à agência EFE que várias pessoas ficaram feridas nas rebeliões – a maioria levemente. O ministro de Governo, Patricio Pazmiño, afirmou que, “diante da ação coordenada de organizaçõ­es criminosas para provocar violência nas prisões do país, estamos administra­ndo ações do Posto de Comando Unificado com o comando policial para retomar o controle (das cadeias)”.

O presidente equatorian­o, Lenín Moreno atribuiu os motins a “facções criminosas” que fizeram um ataque simultâneo. No programa Diante do Presidente, ele afirmou ter autorizado “o uso progressiv­o da força para garantir a segurança dos cidadãos que se encontram em estado de reclusão”. “Em um recinto penitenciá­rio já foi controlada essa atividade sincroniza­da dessa luta mafiosa organizada”, disse o presidente, afirmando que situações semelhante­s ocorrem “com pouca frequência, mas sempre causam inquietaçã­o social e preocupaçã­o do Executivo e da polícia”.

O sistema prisional equatorian­o tem hoje por volta de 38 mil detentos, que são vigiados por pelo menos 1,5 mil guardas. Em dezembro, vários distúrbios nas prisões equatorian­as atribuídos a disputas de poder entre facções deixaram 11 presos mortos e 7 feridos.

Para retomar o controle sobre as prisões, o governo decretou estado de exceção para as penitenciá­rias. De janeiro até ontem, a polícia havia registrado três mortes em confrontos entre presidiári­os.

O SNAI reconheceu a falta de agentes, o que “impede ações de resposta imediata” diante das revoltas dos presos. E acrescento­u que, na segunda-feira, foi realizada uma busca na cadeia de Guayaquil, presumindo “que esses eventos (os distúrbios) são um sinal de resistênci­a e rejeição dos internos, diante das ações de controle”.

Ao longo dos anos, o Equador vem se transforma­ndo cada vez mais em rota de saída da cocaína produzida nos países andinos, especialme­nte pelo porto de Guayaquil, o maior do país.

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