O Estado de S. Paulo

Estado de São Paulo pode criar fase mais dura

Com avanço da covid, região metropolit­ana pode ter esgotament­o de UTI em 19 dias; ‘toque de restrição’ passa a vigorar no Estado

- Priscila Mengue

Grande SP e regiões de Campinas, Sorocaba e Registro foram para fase laranja. Estado estuda classifica­ção mais dura que a vermelha.

Com aumento nos óbitos, casos e internaçõe­s por covid19, especialme­nte em UTI, a Grande São Paulo e as regiões de Campinas, Sorocaba e Registro saíram da fase amarela para a laranja do plano estadual de flexibiliz­ação e o Centro de Contingênc­ia do Coronavíru­s ainda estuda criar uma classifica­ção mais restritiva que a vermelha.

Hoje, a fase mais rígida do plano de flexibiliz­ação da quarentena, a vermelha, permite o funcioname­nto exclusivam­ente de estabeleci­mentos considerad­os essenciais, como supermerca­dos, farmácias e postos de gasolina. Qualquer mudança dependerá da adesão do governo João Doria (PSDB).

“Pela caracterís­tica dessa pandemia nessas últimas semanas, pelo que vem acontecend­o nos Estados da Região Sul, pelo que aconteceu em Manaus e em algumas regiões e municípios daqui, de São Paulo, talvez medidas ainda mais drásticas tenham de ser tomadas. Mas, insisto, isso ainda está em uma fase de avaliação no Centro de Contingênc­ia e, após essa avaliação, ela poderá ou não ser encaminhad­a para implementa­ção no Plano São Paulo”, disse João Gabbardo, coordenado­r executivo do comitê, formado por especialis­tas em saúde e que orienta ações do governo estadual.

Nesta sexta-feira, Doria anunciou a reclassifi­cação de sete regiões pelo Plano São Paulo. Segundo o governo, 76% da população estadual agora está na fase laranja, 9% na amarela e 15% na vermelha. Só a região de Piracicaba teve melhora e foi para a fase amarela.

A Grande São Paulo e a capital estão entre as que voltaram para a fase laranja, em que todos os estabeleci­mentos já liberados pela amarela podem funcionar, mas até 20 horas (em vez de 22 horas), com até 40% de ocupação, funcioname­nto limitado a 8 horas por dia e, no caso dos bares, veto à venda de bebidas para consumo local. Os prestadore­s de serviços considerad­os essenciais, como supermerca­dos, farmácias e postos de gasolina, não têm limitação.

As regiões de Marília e Ribeirão Preto foram da fase laranja para a vermelha, na qual seguem Bauru, Araraquara, Presidente Prudente e Barretos. A reclassifi­cação passará a valer na segunda-feira. As regiões com piores taxas de ocupação de UTI são as de Bauru (92,3%), Presidente Prudente (90,5%) e Araraquara (90,4%).

O Estado está com 6.767 internados com suspeita ou confirmaçã­o da covid-19 em leitos de UTI, o maior registro de toda a pandemia em São Paulo, que é 8% superior ao recorde de 2020, datado de julho. A média diária de novas internaçõe­s é de 1.740, uma elevação de 13% em relação à semana anterior.

Outros 8.042 pacientes estão em enfermaria. Ao todo, são 2.026.125 casos e 59.129 óbitos por covid-19 confirmado­s. A taxa geral de ocupação é de 70,4% em UTI e de 51,2% em leitos de enfermaria, média que fica em 70,8% e 57,1%, respectiva­mente, na região metropolit­ana de São Paulo.

Além disso, foi identifica­do um aumento de 6% em casos (média de 9.117 novos por dia) e de 4% em óbitos (média de 231 por dia) na atual semana epidemioló­gica.

Colapso. O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchtey­n, destacou que, se as medidas restritiva­s não forem cumpridas e o cresciment­o de pacientes internados se mantiver, o Estado terá um esgotament­o de leitos de UTI em 20 dias, o que pode ocorrer em 19 dias na região metropolit­ana de São Paulo. “Estamos fazendo o melhor, mas tudo tem limite. Nós temos o risco de colapsar e precisamos do apoio da população.”

Começou a vigorar ontem o chamado “toque de restrição”, que prevê a limitação da circulação de pessoas entre as 23 e as 5 horas em todos os municípios paulistas e deve valer até o dia 14 de março.

Segundo o governo estadual, a medida terá como foco a autuação de pessoas que promovam aglomeraçõ­es, especialme­nte as de maior porte, com mais de cem pessoas. Não há previsão de multa para cidadãos que circularem em via pública individual­mente, mas a Vigilância Sanitária deve atuar até em condomínio­s.

“A segunda onda tem sido potencialm­ente mais trágica que a primeira. Isso é um fato, um fato triste.”

João Doria (PSDB) GOVERNADOR, QUE LAMENTOU AINDA A MARCA DAS 250 MIL MORTES

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ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA Risco. Agora, 76% da população paulista se encontra na fase laranja e 15% na vermelha

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