Bolsonaro diz que sua família foi alvo de ‘perseguição’ da Lava Jato
Presidente usa como fonte da afirmação reportagem assinada por uma ex-assessora de Damares Alves
Após dizer que vai pedir acesso a mensagens atribuídas a integrantes da Lava Jato vazadas por hackers, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que “vários diálogos” entre o procurador da República Deltan Dallagnol, ex-coordenador da operação no Paraná, e membros do Ministério Público demonstram “perseguição” à sua família. Em postagem nas redes sociais, Bolsonaro fala em “tentativa de cooptar o entorno do presidente da República para a escolha do PGR (procurador-geral da República) em 2019”. Naquele ano, o presidente indicou Augusto Aras para o cargo, nome que estava fora da lista tríplice eleita pela categoria.
“A perseguição à família Bolsonaro se mostra em vários diálogos entre Dallagnol e membros do MP”, escreveu Bolsonaro, citando como fonte um texto do site Agora Paraná assinado por Sandra Terena, ex-secretária do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Nas mensagens citadas no texto, Dallagnol diz que dados da família Bolsonaro foram vazados pelo MP e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A conversa, ainda segundo o site, se deu em janeiro de 2019, um mês após o Estadão revelar relatório do Coaf que fundamentou denúncia contra Flávio Bolsonaro por corrupção, peculato e associação criminosa.
Na postagem feita ontem, o presidente também criticou uma manifestação dos procuradores do Paraná que atribui as conversas a “uma brincadeira entre colegas de trabalho”. “Dallagnol querer dizer ser brincadeira tais diálogos demonstra querer fugir de sua responsabilidade. Os diálogos do vazamento da família ocorreram em 2019, onde Bolsonaro já era presidente da República. Isso é crime!”, afirma o post.
Por meio de nota, os procuradores afirmaram que não tinham acesso ao conteúdo de investigações envolvendo o presidente e sua família e que não reconhecem a autenticidade das mensagens.