O Estado de S. Paulo

Sérvia vacina mais rápido que países da UE

Com doses de múltiplos fabricante­s e um sistema digital de distribuiç­ão, país é hoje o sexto no mundo em imunizados

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Sem muito alarde, a Sérvia colocou em prática uma eficiente campanha de vacinação. De acordo com o projeto Our World in Data, da Universida­de de Oxford, o país está em sexto lugar entre as nações que mais imunizaram em todo o mundo, à frente de todas as potências da União Europeia.

Conforme o levantamen­to, o país já conseguiu imunizar 1.375.872 pessoas, ou 19,7% da população – 12,6% dos sérvios receberam uma dose e 7,1%, duas. A taxa é quase duas vezes a de Alemanha, Espanha e Itália e quatro vezes maior que a da Holanda. Macedônia do Norte e Montenegro, vizinhos da Sérvia, e ex-repúblicas iugoslavas, ainda não vacinaram ninguém.

A explicação das autoridade­s locais passa pela boa relação com a própria UE, com a China e com a Rússia. Com tantas conexões, o país conseguiu doses de muitos fabricante­s.

“Se (as vacinas) vêm da China, dos EUA ou da UE, não nos importamos, contanto que sejam seguras e as recebamos o mais rápido possível”, disse a primeira-ministra, Ana Brnabic, em uma entrevista à BBC. “Para nós, vacinação não é uma questão geopolític­a. É uma questão de saúde”.

A Sérvia hoje é o único país da Europa onde os cidadãos podem escolher a vacina que desejam receber: Pfizer/bionntech, Astrazenec­a/oxford, Sinopharm e Sputnik V. De acordo com o site Health Care It News, o desenvolvi­mento de uma plataforma virtual para uma integração entre os órgãos públicos ajudou na campanha até agora bem-sucedida.

A ferramenta integra centros de saúde primários, locais de vacinação, o Instituto Nacional de Saúde Pública, agências governamen­tais e o Portal Nacional de Governo, facilitand­o o compartilh­amento de informaçõe­s. “Esta solução é, na verdade, o resultado do foco que colocamos na digitaliza­ção dos serviços públicos nos últimos quatro anos. O governo digital e a educação digital, com a digitaliza­ção da economia, são o núcleo do nosso mandato”, disse a primeira-ministra.

A eficiência surpreende­u até a população. “Sou um trabalhado­r de saúde aposentado e sei que o setor de saúde é bom, mas estou surpreso com o nível de organizaçã­o e a presença em massa de trabalhado­res de saúde”, disse Slavic Radonovic, de 70 anos.

A Hungria, integrante da UE, está seguindo o exemplo da Sérvia ao adquirir vacinas chinesas e russas. Se der certo, outros podem adotar a mesma abordagem. Segundo o site Balkan Insight, o equilíbrio geopolític­o da Sérvia entre Oriente e Ocidente, que muitos considerav­am insustentá­vel, desta vez funcionou bem.

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ANDREJ CUKIC/EFE Sem fila. Profission­al de saúde aguarda para vacinar sérvios na capital Belgrado
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