O Estado de S. Paulo

Replantio de árvores, o legado da Copa Verde

Torneio organizado pela CBF tem taça de madeira e ações de sustentabi­lidade que devem ser aplicadas em outros eventos

- Ciro Campos

Organizada pela Confederaç­ão Brasileira de Futebol (CBF) desde 2014, a Copa Verde terminou na última quinta-feira com o título do Brasiliens­e e vários planos de expansão. A repercussã­o positiva gerada pelas ações ambientais que movem o torneio garantiu o replantio de 4,2 mil árvores na última edição. Agora, os organizado­res já traçam novas metas para o campeonato. No futuro, o torneio deverá envolver outros Estados brasileiro­s e ter algumas das campanhas incluídas até mesmo em outras competiçõe­s, como o próprio Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.

A Copa Verde reúne times do Centro-oeste e Norte, além de representa­ntes do Espírito Santo. O campeão recebe o prêmio de R$ 1,5 milhão e vaga direta na terceira fase da Copa do Brasil. A disputa leva esse nome por promover iniciativa­s em defesa do meio ambiente e de ações de sustentabi­lidade. O campeão recebe, por exemplo, três troféus. Um deles é tradiciona­l, o outro é feito com mudas que serão plantadas na sede social do clube e o último é de madeira certificad­a. Patrocinad­ores que defendem a causa olham para o torneio com bons olhos.

“Nós identifica­mos a Copa Verde como um símbolo para mostrar que o futebol se interessa por questões ligadas à sustentabi­lidade. Nesses anos todos, o torneio tem produzido ideias importante­s ligadas ao tema”, disse ao Estadão o secretário­geral da CBF, Walter Feldman. Para formalizar as propostas da competição, a entidade realizou um estudo e contratou uma consultori­a.

Apesar de ter sido disputada sem público nesta última edição, as competiçõe­s anteriores da Copa Verde registrara­m números de impactos significat­ivos. Uma das propostas de mais sucesso é a troca de ingressos por garrafas PET. Até o fim da edição 2018, a Copa Verde tinha retirado do meio ambiente 5 toneladas e mais de 200 mil unidades do produto. Durante os jogos com público, há um trabalho também para fazer a reciclagem do lixo.

As ações da CBF incluem ainda o concurso de redações em escolas da região com o tema sobre a preservaçã­o da água. Em 2018, participar­am do projeto 7 mil alunos da rede pública de ensino. Para ajudar a neutraliza­r o carbono gerado pelo torneio, com uso de carros e aviões, por exemplo, a entidade organizou na última edição o plantio de 4,2 mil mudas em regime agroflores­tal. O trabalho foi feito em parceria com agricultor­es locais.

“O assunto da sustentabi­lidade começa a ganhar cada vez mais fôlego. Queremos até aplicar algumas dessas propostas em outras competiçõe­s e em jogos da seleção brasileira. A questão da sustentabi­lidade passa por todas as matérias da sociedade e o futebol não pode ficar fora disso”, disse Feldman. A CBF busca com institutos internacio­nais para a Copa Verde o selo ISO, uma espécie de certificaç­ão do quanto o torneio contribui para o meio ambiente.

Do lado esportivo, a disputa quer se expandir para contemplar participan­tes de outras regiões. “Já houve alguns movimentos de expansão de Copa Verde para o Paraná, onde há biomas importante­s, e uma possível parceria com a Itaipu Binacional. Nós pensamos também em correr atrás de patrocinad­ores que tenham essa identifica­ção maior com a questão ambiental”, comentou Feldman.

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FERNANDO TORRES/CBF Comemoraçã­o. Jogadores do Brasiliens­e festejam a conquista da Copa Verde 2020 na última semana após vencer o Remo na disputa dos pênaltis
 ?? LUCAS FIGUEIREDO/CBF ?? Sustentáve­l. A arara vermelha, mascote da competição
LUCAS FIGUEIREDO/CBF Sustentáve­l. A arara vermelha, mascote da competição

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