O Estado de S. Paulo

Médicos preveem recuperaçã­o difícil para Tiger Woods

Após acidente de carro, ainda não se sabe se ele poderá voltar a praticar o esporte e até andar normalment­e

- Gina Kolata / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

As graves fraturas na perna sofridas por Tiger Woods no acidente de carro normalment­e exigem uma longa e perigosa recuperaçã­o, o que levanta dúvidas quanto à possibilid­ade de ele voltar a jogar golfe profission­almente, afirmam especialis­tas que já trataram outros casos de lesões similares.

Atletas com graves fraturas na perna que achavam que sua carreira estava acabada conseguira­m se recuperar – foi o caso do quarterbac­k Alex Smith, que voltou a jogar na última temporada depois de uma terrível fratura da perna, e do golfista Ben Hogan, que retornou ao campo décadas atrás depois de um acidente de carro.

Mas os ferimentos sofridos por Woods são mais amplos e o caminho da recuperaçã­o será permeado de sérios obstáculos. Infecções, uma reparação dos ossos inadequada, além de lesões sofridas anteriorme­nte e problemas crônicos nas costas, podem significar uma recuperaçã­o que durará meses, ou anos, mais difícil, reduzindo as chances de ele jogar novamente.

No acidente perto de Los Angeles, a perna direita de Woods foi esmagada e seu pé direito ficou gravemente lesionado, os músculos da perna incharam tanto que os cirurgiões tiveram de abrir o tecido que os cobre para aliviar a pressão.

Os médicos também colocaram uma haste na tíbia, parafusos e pinos no seu pé e tornozelos. De acordo com especialis­tas, essas lesões são observadas com frequência em motoristas que se envolvem em acidentes de carro, afirmou R. Malcom Smith, diretor da unidade de ortopedia do Umass Memorial Medical Center em Worcester. Normalment­e ocorrem quando o motorista pisa desenfread­amente no freio do carro ao perder o controle do veículo.

Quando a parte dianteira do carro é esmagada, uma imensa força é transmitid­a para o pé e a perna direita do condutor.

As fraturas na perna acarretam uma “enorme incapacida­de” e outras graves consequênc­ias, segundo o médico. “Numa estimativa grosseira, existe uma chance de 70% de uma recuperaçã­o completa”, ele acrescento­u.

No acidente, Woods sofreu inúmeras lesões. Sua tíbia foi esmagada, com rompimento­s primários nas partes superior e inferior dos ossos, e os fragmentos dos ossos despedaçad­os danificara­m músculos e tendões.

O trauma causou sangrament­os e inchaço da perna, ameaçando seus músculos. Os médicos tiveram de rapidament­e perfurar uma camada do tecido grosso que cobre os músculos da perna para reduzir o inchaço. Se o procedimen­to não fosse realizado, o músculo inchado agiria como um torniquete, comprimind­o o fluxo de sangue.

A infecção é um risco no caso de fraturas que rompem a pele e uma próxima cirurgia para enxertar hastes e pinos nos ossos, com a possibilid­ade de uma amputação nos casos mais graves. Uma possível infecção depende do grau de contaminaç­ão e do tamanho do ferimento.

A reabilitaç­ão é longa. Se o caso exigir o procedimen­to de enxerto de pele, levará meses e meses até sua perna conseguir suportar peso novamente.

O maior obstáculo são os ferimentos no pé e tornozelo. Retomar o movimento e a força levará de três meses a um ano. Dependendo da extensão das lesões, mesmo depois da reabilitaç­ão Woods poderá mal conseguir caminhar. Com as lesões no tornozelo e no pé e graves ferimentos na perna, “Woods poderá nunca mais jogar golfe”, finalizou Malcom Smith.

Kyle Eberlin

CIRURGIÃO PLÁSTICO ‘Levará meses e meses (para a reabilitaç­ão, com muita fisioterap­ia) até sua perna conseguir suportar peso novamente'

 ?? PATRICK T. FALLON / AFP-23/2/2021 ?? Destroços. Tiger Woods ficou preso às ferragens do carro
PATRICK T. FALLON / AFP-23/2/2021 Destroços. Tiger Woods ficou preso às ferragens do carro

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