O Estado de S. Paulo

Dívida pública chega ao recorde de 89,7% do PIB

Resultado foi motivado pela ampliação dos gastos dos governos para enfrentar os impactos causados pela pandemia de covid-19

- +Fabrício de Castro Eduardo Rodrigues/

Em meio ao aumento dos gastos dos governos para fazer frente à pandemia de covid19, a dívida pública brasileira acelerou em janeiro. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que a Dívida Bruta do Governo Geral fechou janeiro aos R$ 6,670 trilhões, o que representa 89,7% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar recorde.

O porcentual é maior que os 89,2% de dezembro de 2020. No melhor momento da série, em dezembro de 2013, a dívida bruta chegou a 51,5% do PIB.

Com o aumento de despesas públicas em função da pandemia, a expectativ­a é de que a dívida bruta continue a subir nos próximos meses no Brasil. Esse é um dos principais fatores de preocupaçã­o dos economista­s do mercado financeiro.

A Dívida Bruta do Governo Geral – que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o Banco Central e as empresas estatais – é uma das referência­s para avaliação, por parte das agências globais de classifica­ção de risco, da capacidade de solvência do País. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote por parte do Brasil.

O BC informou ainda que a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) passou de 63,0% para 61,6% do PIB em janeiro de 2021, somando R$ 4,582 trilhões. A dívida líquida apresenta valores menores que os da dívida bruta porque leva em consideraç­ão as reservas internacio­nais do Brasil.

Janeiro azul. Apesar dos efeitos econômicos da pandemia, o setor público consolidad­o (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobrás e Eletrobrás) apresentou superávit primário de R$ 58,375 bilhões em janeiro, informou o BC. Esse é o maior superávit para um mês de janeiro na série histórica, iniciada em dezembro de 2001.

O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento da dívida pública. Em função da pandemia, cujos efeitos econômicos se intensific­aram em março, o governo federal e os governos regionais passaram a enfrentar um cenário de forte retração das receitas e aumento dos gastos públicos. Em dezembro do ano passado, havia sido registrado déficit de R$ 51,837 bilhões.

O resultado fiscal de janeiro foi composto por um superávit de R$ 43,156 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco

Central e INSS). Os governos regionais (Estados e municípios) terminaram com o caixa no azul em R$ 14,772 bilhões no mês. Enquanto os Estados registrara­m um superávit de R$ 13,104 bilhões, os municípios tiveram resultado positivo de R$ 1,669 bilhão. As empresas estatais registrara­m superávit primário de R$ 446 milhões.

A projeção do Tesouro para o rombo fiscal do setor público consolidad­o em 2021 é de R$ 250,89 bilhões. Para o governo central, o déficit estimado é de R$ 247,118 bilhões.

Em janeiro, houve até mesmo superávit nominal, ou seja, depois do pagamento dos juros da dívida, o resultado foi positivo. O setor público consolidad­o registrou um superávit nominal de quase R$ 18 bilhões no mês de janeiro.

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FELIPE RAU/ESTADÃO-18/1/2021 Pandemia. Dívida deve subir ainda mais por causa de gastos

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