O Estado de S. Paulo

Cresce adesão ao home office na esfera federal

Um em cada 4 servidores federais terminou 2020 em teletrabal­ho; 35 órgãos do governo já estudam a opção de tornar a prática permanente

- Idiana Tomazelli /

Um em cada quatro servidores do Executivo federal terminou o ano de 2020 trabalhand­o em home office integral, a mesma modalidade adotada pelo presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de ficar “11 meses sem trabalhar”.

Além disso, 35 órgãos do governo já aderiram ao programa que vai colocar o teletrabal­ho como opção permanente na administra­ção pública. Quatro deles estão dentro do Palácio do Planalto: Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), Secretaria-Geral da Presidênci­a

e Secretaria de Governo.

A pedido do Estadão/Broadcast, o Ministério da Economia informou que havia 142.995 servidores federais do Poder Executivo em trabalho remoto integral no mês de dezembro de 2020, último levantamen­to realizado pela pasta. O número representa 23,8% dos 599,9 mil funcionári­os ativos no mesmo período.

Descontent­e com a política de preços de combustíve­is adotada pela Petrobrás, Bolsonaro anunciou a demissão de Castello Branco do comando da companhia e passou a criticá-lo por, entre outros motivos, estar em regime de trabalho remoto. “O atual presidente da Petrobrás está há 11 meses em casa, sem trabalhar. Trabalha de forma remota. O chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso para mim é inadmissív­el. Descobri isso faz poucas semanas”, afirmou o presidente na segunda-feira passada.

As declaraçõe­s de Bolsonaro geraram indignação dentro da Petrobrás porque o presidente da companhia tem 76 anos e está no grupo de risco para a covid-19. Em sua primeira aparição pública após ser demitido, Castello Branco afirmou que o regime de teletrabal­ho gerou ganhos de produtivid­ade e redução de custos, além de ter contribuíd­o para diminuir a contaminaç­ão pelo novo coronavíru­s na empresa.

Os ganhos de produtivid­ade e a redução de custos são justamente os efeitos buscados pelo Executivo federal ao adotar o trabalho remoto como prática permanente. No ano passado, o governo economizou R$ 1,5 bilhão ao deixar de gastar com diárias, passagens, conta de luz e água e cópias e reprodução de

“O atual presidente da Petrobrás está há 11 meses de casa, sem trabalhar. Trabalha de forma remota.” Jair Bolsonaro PRESIDENTE

documentos, além de despesas com auxílio-transporte, horas extras, entre outros benefícios a servidores.

Economia. Para 2021, a previsão é poupar um valor ainda mais significat­ivo, pois a migração definitiva para o teletrabal­ho vai permitir ao governo se planejar

para a revisão de aluguéis e ocupação de espaços físicos.

Em dezembro, o secretário especial de Desburocra­tização, Gestão e Governo Digital, Caio Paes de Andrade, estimou que dos cerca de 600 mil servidores em atividade no Executivo, aproximada­mente 200 mil estão em posições que, a princípio, se encaixaria­m no modelo de trabalho remoto. Não significa que todos eles migrarão para o home office. Antes disso, dois passos são essenciais: o órgão aderir, apontando quais atividades podem ser exercidas a distância, e o servidor manifestar desejo pela mudança.

Entre os 35 órgãos que já aderiram

estão 11 agências reguladora­s, Banco Central, os ministério­s da Economia, do Desenvolvi­mento Regional, da Cidadania, de Minas e Energia, as quatro pastas abrigadas no Palácio do Planalto (Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Governo e GSI), além de fundações, institutos e superinten­dências ligadas a essas estruturas.

A implantaçã­o do chamado Programa de Gestão (PGD) inclui o trabalho realizado de forma presencial, híbrida e teletrabal­ho. Oito órgãos já concluíram a implantaçã­o do sistema informatiz­ado que fará a gestão do PGD.

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SERGIO MORAES / REUTERS Remoto. Presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, recém demitido por Bolsonaro

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