O Estado de S. Paulo

No Pacaembu, idosos ficam até 6h em fila do drive-thru

Por causa da grande procura, Prefeitura estendeu horário de funcioname­nto ontem e vacinará hoje

- Gilberto Amendola Fabiana Cambricoli

Desde às 6 horas de ontem, uma fila quilométri­ca de carros ao redor da Praça Charles Miller (Estádio do Pacaembu) provocou um congestion­amento incomum, com reflexos que foram sentidos desde a saída do túnel da Avenida Rebouças, Cardoso de Almeida e a região do hospital das Clínicas. Foi o primeiro dia de vacinação para os idosos entre 80 e 84 anos. À tarde, a espera na fila chegou a seis horas.

Em razão da grande procura da população para a vacinação, a Secretaria Municipal da Saúde estendeu o horário de funcioname­nto dos drive-thrus até as 19h de ontem e anunciou a abertura dos pontos também hoje. Segundo o governo, 31 mil idosos foram vacinados até as 16h em todos os pontos da capital.

Alguns motoristas relataram discussões e tentativas de furar a fila entre os mais exaltados. Idosos que se dirigiram ao posto a pé não foram vacinados – o atendiment­o foi só drive thru.

Antes de chegar em um dos nove pontos de vacinação (3 na praça e outros 6 já na entrada do estádio), os carros passavam por uma triagem, onde os idosos confirmava­m seus registros de vacinação ou eram registrado­s. Alguns motoristas, estressado­s pelo tempo de espera, considerar­am o número de pontos de vacinação insuficien­tes.

“É um absurdo uma cidade como São Paulo ter só cinco drivethrus e poucas tendas para triagem. Estamos há mais de seis horas na fila, sem comer nem ir ao banheiro”, reclamou a pedagoga Ana Miller, de 61 anos, que levava a mãe, a musicista Maria Cecília, de 81 anos. “Viemos no primeiro dia porque ficamos com medo de faltar vacina.”

Otimismo. Na maioria dos carros, a irritação pelo tempo de espera e pelo trânsito era substituíd­o pelo otimismo. O casal Napoleone não via a hora de sentir a agulha no braço. “Estou quase um ano sem sair de casa. Tudo o que quero é a vacina”, disse Marceline Napoleone, de 83 anos. “A espera vai valer a pena”, contou Antônio Carlos Napoleone.

Quem desistiu do Pacaembu teve sorte em outros endereços de vacinação na capital. Na UBS Humaitá, na Bela Vista, o atendiment­o era quase imediato. “Ficamos quase quatro horas no Pacaembu. Já estava passando mal. Aí tive a ideia de vir aqui na UBS. Levou um minuto”, disse Leandra Antunes, 82 anos.

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FELIPE RAU/ESTADAO Paciência. Apesar da espera, idosos estavam otimistas

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