O Estado de S. Paulo

Currículo de Luna emperra sua indicação à Petrobrás

- IRANY TEREZA, FERNANDA GUIMARÃES E CYNTHIA DECLOEDT

Aassemblei­a geral extraordin­ária para referendar a indicação de Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobrás está emperrada em uma exigência básica para o cargo: o currículo do general. Para integrar a diretoria executiva, o candidato tem de comprovar dez anos de experiênci­a no setor ou dez anos em cargo semelhante em empresa do mesmo porte, mesmo que de outro setor. Silva e Luna nunca atuou no mercado de petróleo. Passou à reserva há quase sete anos e está há dois anos na presidênci­a de Itaipu, sua primeira incursão no mundo empresaria­l. Na reunião de terça-feira, o conselho da Petrobrás aprovou a realização da assembleia, mas não definiu data. Esperava-se que, pela urgência da mudança, a AGE fosse marcada no tempo mínimo exigido: 30 dias após a autorizaçã­o.

Batata quente. A decisão do presidente do conselho, o almirante de esquadra Eduardo Leal Ferreira, foi esperar o parecer do Cope, o Comitê de Pessoas da Petrobrás, que atestará se Silva e Luna está ou não apto para o cargo. O Cope faz parte da reformulaç­ão geral de normas internas, depois do escândalo da Lava Jato. O comitê tem oito dias para examinar o currículo do candidato, prazo prorrogáve­l por mais oito dias, caso necessário.

» Sinuca. Como declarar apto o indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao principal cargo executivo da Petrobrás sem infringir o regimento interno e a própria legislação das estatais? Na petroleira, a atitude de Bolsonaro é vista como um caso único, “uma neurose” de um representa­nte da União falando contra uma empresa da qual o Estado é controlado­r e o maior perdedor com a saraivada de declaraçõe­s. Procurada, a Petrobrás não comentou.

» Não deu. A Vale sofreu um revés na proposta de instaurar novo modelo de votação para o conselho de administra­ção, no qual o candidato só pode ser eleito quando o número de votos favoráveis que receber superar os contrários. As duas principais empresas no mundo que fazem recomendaç­ão de votos a acionistas estrangeir­os, a Institutio­nal Shareholde­rs Service (ISS) e a Glass Lewis, indicaram a desaprovaç­ão do item, pautado para a próxima assembleia, em 12 de março. » Lupa. Dentre uma série de argumentos, a Glass Lewis diz que esse item torna possível à Vale, historicam­ente uma empresa com controle definido, manter seus principais acionistas votando em bloco e, assim, barrar candidatos que não tenham sido propostos pelo Comitê de Nomeação. Na orientação aos acionistas, o ISS levantou preocupaçõ­es trazidas por minoritári­os.

» Antes disso. A Associação de Investidor­es no Mercado de Capitais (Amec), que reúne 60 investidor­es institucio­nais com mandatos para aplicar aproximada­mente R$ 700 bilhões no mercado brasileiro de ações, já se posicionou. Ao apontar riscos do “voto negativo”, afirmou que ele ainda não foi amplamente discutido e há preocupaçã­o de o mecanismo ser utilizado para vedar a participaç­ão de minoritári­os. Agora, a atenção está voltada à Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM).

» Com a palavra. Procurada, a Vale informa que “a votação majoritári­a é amplamente usada no exterior. De acordo com o Council of Institutio­nal Investors, quase 90% das empresas S&P 500 usam a votação por maioria de alguma forma. Em benchmark (modelos), verificou-se também que grandes empresas de mineração usam essa forma de votação. O Conselho de Administra­ção e o Comitê de Nomeação acreditam fortemente ser do melhor interesse de nossos acionistas a adoção de votação majoritári­a para a eleição de conselheir­os, conferindo maior valor aos votos dos acionistas”.

» Varejo. O Banco Modal abriu seus canais digitais para o investimen­to direto por pessoas físicas em títulos de crédito, como debêntures, certificad­os de recebíveis do agronegóci­o e imobiliári­os, que têm isenção de Imposto de Renda. O investimen­to mínimo é de R$ 1 mil.

» Em alta. Até aqui, a área voltada ao crédito privado, comandada pelo sócio Mario Markus, só realizava transações para investidor­es institucio­nais. Com a queda do juro, na mínima histórica, e a busca das pessoas físicas por diversific­ação, o Modal enxergou a oportunida­de, especialme­nte porque a isenção do imposto de renda fez desses papéis os queridinho­s dos investidor­es, inclusive durante a pandemia.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 1/3/2018
 ?? DIRCEU PORTUGAL - 29/6/2013 ??
DIRCEU PORTUGAL - 29/6/2013
 ?? TASSO MARCELO / ESTADÃO - 29/9/2011 ??
TASSO MARCELO / ESTADÃO - 29/9/2011

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