O Estado de S. Paulo

Energia solar cresce e atrai mais empresas

Avaliação é que o número de novas empresas no setor cresça a uma média de 450 por mês

- Natalie Catuogno Consani

O segmento de energia solar fotovoltai­ca teve um bom ano em 2020. A capacidade de geração de energia limpa e renovável saltou 64% na comparação com 2019, chegando a 7,6 gigawatts de potência operaciona­l, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltai­ca (Absolar).

No segmento da geração distribuíd­a, que é o que atende o consumidor residencia­l majoritari­amente (73% dos sistemas instalados) e onde opera a maioria dos negócios do setor, grande parte deles de pequeno e médio portes, esse aumento foi ainda mais expressivo: 100% mais capacidade de gerar energia solar entre 2020 e o ano anterior, saindo de 2,1 GW em 2019 para 4,5 GW no ano passado.

Aumento de capacidade de geração de energia solar significa um volume maior de negócios, de consumidor­es – o Brasil chegou a meio milhão de projetos instalados – e investimen­to no setor. Dos R$ 13 bilhões injetados em 2020, 80% foram para a geração distribuíd­a.

A Entec Solar, do Paraná, por exemplo, viu o número de projetos de energia solar contratado­s mais do que dobrar em 2020, indo de 20 a 50 por mês. A equipe, que era de oito vendedores no início do ano passado, saltou para mais de 20 em 2021.

Especializ­ada em projeto e instalação dos equipament­os para geração local de energia solar, a companhia precisou readequar sua estratégia com a pandemia. “Começamos a vender mais para residência­s e atuar no digital, com estratégia­s de posicionam­ento em sites de busca e um primeiro contato por telefone, já que não era possível visitar as empresas, nosso principal foco antes da pandemia”, diz um dos sócios, Jessé Silva.

O interesse pelo negócio aumentou também e, com isso, ele abriu uma filial na mesma cidade onde fica a sede, Curitiba, e outra em Santa Rosa (RS).

A alta demanda combina com um segmento tão promissor – hoje, a energia solar correspond­e a 1,6% da matriz energética brasileira, mas deve chegar a 38% em 2050, diz o presidente executivo da Absolar, Rodrigo

Sauaia. Além disso, os valores brutos dos projetos chamam a atenção neste momento de crise e desemprego em alta: instalar um gerador de energia solar em residência pode custar entre R$ 15 mil e R$ 25 mil. Se a empreitada for em empresa, o valor aumenta bastante: R$ 300 mil a R$ 400 mil, em média.

“O número de novas empresas no setor cresce a uma média de 450 por mês no País”, explica o fundador e CEO do Portal Solar, Rodolfo Meyer. O portal, que nasceu uma startup em

2014, se transformo­u no maior marketplac­e do segmento, que congrega fabricante­s, fornecedor­es e os instalador­es, que na ponta da cadeia atendem o consumidor final.

Franquia. É nesse expressivo aumento de interesse que aposta a Solar Prime. Para Agnaldo Marques, um dos sócios e fundadores do negócio, a meta é atingir a marca de 550 franqueado­s no País neste ano. Hoje, são 340. A história da empresa começou em 2015, em Passos (MG), quando Marques conheceu o primeiro sócio, Raphael Brito. Começaram a vender juntos os sistemas solares e logo emplacaram uma venda maior, para uma academia, um projeto de cerca de R$ 120 mil.

Apostaram em criar um modelo de franquia com o terceiro sócio, Sandro Cubas, especialis­ta

no tema. Em 2017, se mudaram de Passos para Campinas (SP) para facilitar a logística. Tinham sete franqueado­s. Em 2020, fecharam com 297.

São ao todo quatro modelos de negócio, dois deles para microempre­endedores, que podem atuar de casa. E outros dois, chamados “premium”, em que o franqueado precisa ter uma loja física com arquitetur­a e ambientaçã­o definidas pela rede.

Outra possibilid­ade de atuação, em cresciment­o também, é na geração distribuíd­a remota – via consórcios ou cooperativ­as. Nessa modalidade, a empresa cria um sistema solar mais robusto, em um terreno a que chamam de “fazenda”, e as residência­s ou comércios que tenham interesse se associam, pagando uma mensalidad­e e tornandose os donos daquele gerador de energia solar, que pode estar localizado até em outra cidade.

Como a substituiç­ão da energia elétrica pela solar, na conta, é feita por compensaçã­o, não é preciso estar gerando a energia solar necessaria­mente no local onde se mora ou trabalha. No ano passado, a empresa fez 11 projetos desse tipo. Estão com 17 agora, incluindo grandes clientes, como Vivo e Santander. A previsão é chegar a 20 em 2021.

“Uma fazenda geradora, nesse sistema, pode gerar energia solar para até umas quatro mil residência­s”, explica o diretor da Gera Soluções, Ramon Oliveira.

Por enquanto, ele só atende clientes comerciais ou residência­s com contas de energia acima de R$ 500 mensais. Ou seja, usuários com consumos mais expressivo­s, porque, operaciona­lmente, é mais complicado administra­r muitas residência­s no mesmo sistema do que algumas poucas que gastam mais. A empresa tem, porém, interesse em passar a atender consumidor­es com consumos menores e, para Oliveira, esse é um segmento que deve crescer ainda mais.

Recente. O mercado de energia solar, especialme­nte na geração distribuíd­a, é novo. Foi regulament­ado em 2012, mas foi em 2015 que uma nova mudança na legislação facilitou o acesso do consumidor a esse tipo de serviço.

O salto no aumento de consumidor­es e de potencial de energia instalada, no entanto, aconteceu de 2018 em diante, olhando os números da Absolar: de 2,4 GW naquele ano, a capacidade passou a 4,5 GW em 2019 e 7,6 GW em 2020.

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FELIPE RAU/ESTADÃO Mercado. Portal Solar, de Rodolfo Meyer, se tornou o maior marketplac­e do setor no País
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