‘TEREI RESISTÊNCIA NAS UNIVERSIDADES’
Planejado para estrear em junho deste ano, o novo documentário de Josias Teófilo – diretor de Jardim das Aflições, sobre o “guru do bolsonarismo”, Olavo de Carvalho – tem como premissa explicar as causas da eleição de Jair Bolsonaro. Para tanto, o cineasta pernambucano volta ao que considera uma das bases da vitória do presidente: as manifestações de junho de 2013.
“As delações premiadas, a alteração da lei de formação de quadrilha e a Lava Jato são legado deste momento”, diz.
O ator Carlos Vereza já havia topado fazer a narração do filme, mas desistiu após receber a versão final do texto. Ele e Teófilo discordaram na questão de que a eleição de Bolsonaro foi fruto de um ‘movimento revolucionário’. Para Vereza, isso não é verdade.
“Ele saiu mas foi tranquilo, estamos bem. Chamei o Reinaldo Gonzaga, que foi um galã da Globo nos anos 1980, para fazer”, diz o cineasta. Nem Tudo se Desfaz retoma a facada em Bolsonaro, o impeachment de Dilma e a prisão de Lula. “Falei com o Eduardo Bolsonaro sobre o momento exato da facada. Esse momento foi totalmente ignorado por outros documentaristas que retrataram o período”.
Serão 20 entrevistados – de direita e de esquerda, segundo o Teófilo – que darão tanto depoimentos de análise como de vivência do momento. O ex-estrategista-chefe da Casa Branca no governo Trump Steve Bannon, Olavo de Carvalho, integrantes do chamado “gabinete do ódio'', o escritor João Cezar de Castro Rocha e o professor Idelber Avelar são alguns deles.
O cineasta lamenta a “primeira recusa” em um festival brasileiro. O longa não foi aceito na seleção da mostra de documentários É Tudo Verdade. “Era de se esperar. Certamente eles têm lá uns filmes sobre Tropicália ou sobre um poeta marginal que lutou contra a ditadura para colocar no lugar”.
A ideia é fazer algumas sessões especiais antes de lançar o filme no circuito dos cinemas. Teófilo programa uma sessão solene em Brasília, que tem presença esperada do filho Zero Três de Bolsonaro. Nem Tudo se Desfaz também será exibido por streaming em seu próprio site, mas não é descartado que o longa entre em serviços como o Amazon Prime, que comprou Jardim das Aflições.
“Também quero muito exibir, como fiz com o Jardim, em universidades. Acho que vou ter ainda mais resistência nesses lugares, mas é bom para o debate”./MARCELA
PAES