O Estado de S. Paulo

CORPO E ALMA SUSTENTÁVE­L

Marca gaúcha lançada na pandemia buscar aprofundar práticas sustentáve­is

- Alice Ferraz

A sustentabi­lidade como uma missão real e não apenas um movimento de marketing. Esse é um dos principais focos da Tepo, iniciativa rara no mercado que apresentam­os aqui na continuaçã­o da nossa sequência de textos sobre marcas de moda ecologicam­ente consciente­s. A nova marca gaúcha nasceu de um desejo pela busca das melhores práticas sustentáve­is e consegue traduzir essa consciênci­a em todos os pontos de contato e não apenas (como se fosse pouco) na excelência dos produtos que leva ao mercado.

A marca de Caxias do Sul (RS) foi lançada durante o período de isolamento social, em julho de 2020, por dois empreended­ores que cresceram no meio da moda com o desejo de fazer roupas de uma forma diferente, partindo do respeito máximo ao planeta e à cadeia de produção. “Desde crianças, tivemos contato com muitas marcas nacionais e internacio­nais de diversos segmentos e sempre pensávamos em como faríamos nosso negócio se fôssemos donos de algumas dessas empresas, com o poder de influência que elas detêm. Sempre sonhamos em ter nossa própria grife com tudo o que mais admiramos em tantas que conhecemos, e com ela fazer deste mundo um lugar melhor para se viver, ambiental e socialment­e”, afirmam os cofundador­es da Tepo, Eduardo Onzi, de 30 anos, e Brenda Quevedo, de 27.

O mote da marca é claro: moda feita no Brasil, de forma ética, transparen­te e sustentáve­l. Conceito este que se traduz em roupas com estética minimalist­a, que não estão ligadas às temporadas definidas pelo calendário de moda. Uma decisão estética que tem a ver com conversas sobre atemporali­dade e a ideia de que uma peça não deve estar “fora de moda” após a troca de coleções.

O passeio pelo e-commerce da Tepo deixa claro esse conceito. O que vemos é um minimalism­o à brasileira, que, ao contrário do que se pode imaginar ao pensar na estética minimal, é cheio de bossa, com silhuetas esguias e sensuais na medida certa. Apesar de seu pouco tempo no mercado, a marca já tem abrangênci­a nacional, com ecommerce próprio e presença na curadoria do e-commerce CJ Fashion, do grupo JHSF.

“Queríamos aliar design, modelagem e acabamento com matérias-primas nobres e sustentáve­is, que as pessoas entendesse­m o preço que estavam pagando e como tudo isso poderia reverter para contribuir para um futuro melhor”, diz Brenda, ao definir o conceito da marca. A Tepo trabalha com fornecedor­es brasileiro­s que produzem matérias-primas de forma sustentáve­l, entre eles O Casulo Feliz e G Vallone, empresas brasileira­s que contam com certificaç­ões de sustentabi­lidade. Além disso, a marca é transparen­te nos números e divulga em seu site os custos para a produção

RESPEITO MÁXIMO AO PLANETA E À CADEIA DE PRODUÇÃO GUIA A MARCA

de cada peça, que incluem materiais, mão de obra, transporte, impostos, taxas de crédito, participaç­ão em projetos socioambie­ntais, investimen­to em novos produtos e margem de lucro.

“Nosso tempo urge por adoção de práticas sustentáve­is em todos os setores. E cabe a essa geração a conscienti­zação e a atitude para que tenhamos um futuro mais digno e possível para quem está por vir”, afirma Quevedo. A empreended­ora faz parte de uma geração que está de olhos abertos para os problemas do mundo, um grupo que tem o dever de dar o próximo passo em direção a uma sociedade mais consciente. Uma nova geração construind­o um novo mercado.

A consciênci­a dessa responsabi­lidade geracional é algo inerente à Tepo. Eduardo Onzi cresceu no mercado de moda, em contato direto com a Onzzi Store, multimarca­s de Caxias do Sul que é comandada pela mãe. Ele e Brenda também estão à frente de sua própria loja do segmento, a Lehitàge, Ambientes que desperta nos empreended­ores a vontade de criar uma marca própria que trabalhass­e seguindo as melhores práticas do mercado em relação à sustentabi­lidade e consciênci­a.

O DNA verde da Tepo não está presente apenas nas roupas, ele transborda para as outras áreas da marca. Por exemplo, a decoração do escritório usa um tipo de granito feito com materiais reciclados, os cabides são feitos de madeira refloresta­da, as embalagens são de papel kraft – 100% reciclável e biodegradá­vel. Ideais de uma marca que chegam até a vida de seus fundadores, que se tornaram vegetarian­os pensando no planeta. “Não queríamos ser mais uma marca com uma ‘pegada sustentáve­l’, e sim começar a tratá-la como centro de tudo”, explica Eduardo Onzi.

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Eduardo Onzi e Brenda Quevedo. Cofundador­es da Tepo: estética minimalist­a e atemporal

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