A hora e a vez do pagodão baiano
Não é novidade que os estilos de música mais consumidos pelos brasileiros, atualmente, são sertanejo, gospel, funk, pop e pagode. Isso sem citar o forró eletrônico e o tecnobrega, que deixaram de ser sucessos regionais, para serem consumidos em nível nacional (oi, Barões da Pisadinha). O funk está cada vez mais disseminado na cultura pop e temos suas evoluções, o estilo brega funk e os acelerados funk 150 e 170 BPM. Sim, são 170 batidas por minuto. O ritmo frenético nasceu nos bailes do Rio e dita tendência no País.
Paramos por aí em 2021? Claro que não! Faço uma humilde e arriscada aposta: o próximo estilo a dominar as paradas de streaming será o pagodão baiano. Derivado do samba, o estilo é marcado pela percussão, com a inserção de outros ritmos, de origem africana ou até do nosso próprio funk.
Por meados do século 16, na época de escravidão, negros mantinham manifestações musicais nos terreiros, como a umbigada (dança em que um umbigo encosta em outro). O movimento evoluiu e foi para locais a céu aberto, com a inclusão do batuque do Olodum e de outros instrumentos, e essa espécie de comemoração virou o conhecido pagode baiano de fundo de quintal.
O pagodão de hoje foi moldado a partir dos anos 1990 com o Gera Samba, que por questões judiciais virou o icônico É o Tchan. O eterno grupo das Sheilas e o Harmonia do Samba revolucionaram o estilo, em questão de melodias, batidas e por ter homens dançando pagode e não só mulheres.
O que temos agora? Vários lançamentos pop com flertes no estilo que mexe e remexe. Anitta já havia usado o pagodão baiano com destaque em 2020, no ‘misturê’ latino Me Gusta (parceria com Myke Towers e Cardi B). Recentemente, Ludmilla caiu de vez no pagodão & funk na ótima parceria Pra Te Machucar, com produção de Major Lazer e ÀTTØØXXÁ. Temos um príncipe nessa crescente tendência. Com parcerias usando o ritmo com pinceladas de funk e trap, Léo Santana apostou na música Século 21, com Luísa Sonza; Samu, single de Vitão; e a impecável e recém-lançada Onda, música de trabalho da artista em ascensão Malía.
Se quiser uma boa imersão no pagodão baiano, você precisa ouvir La Fúria (responsável pelo hit viral de rejeição de Karol Conká no BBB), Nêssa, O Poeta, A Travestis, A Dama e Igor Kannário – o Príncipe do Gueto (ex-vereador de Salvador), além de Psirico (que já coleciona hits como Lepo Lepo e Parabéns, com Pabllo Vittar). Para te ajudar, compilei esses e outros artistas em uma playlist: http://spoti.fi/37TGoaJ. Quando você notar entre as mais tocadas, não vai me dizer que eu não avisei, ok?