O Estado de S. Paulo

A hora e a vez do pagodão baiano

- ✽ É JORNALISTA E CONSOME CULTURA POP DESDE QUE SE ENTENDE POR GENTE MURILO BUSOLIN @MURILOBUSO­LIN, NO INSTAGRAM

Não é novidade que os estilos de música mais consumidos pelos brasileiro­s, atualmente, são sertanejo, gospel, funk, pop e pagode. Isso sem citar o forró eletrônico e o tecnobrega, que deixaram de ser sucessos regionais, para serem consumidos em nível nacional (oi, Barões da Pisadinha). O funk está cada vez mais disseminad­o na cultura pop e temos suas evoluções, o estilo brega funk e os acelerados funk 150 e 170 BPM. Sim, são 170 batidas por minuto. O ritmo frenético nasceu nos bailes do Rio e dita tendência no País.

Paramos por aí em 2021? Claro que não! Faço uma humilde e arriscada aposta: o próximo estilo a dominar as paradas de streaming será o pagodão baiano. Derivado do samba, o estilo é marcado pela percussão, com a inserção de outros ritmos, de origem africana ou até do nosso próprio funk.

Por meados do século 16, na época de escravidão, negros mantinham manifestaç­ões musicais nos terreiros, como a umbigada (dança em que um umbigo encosta em outro). O movimento evoluiu e foi para locais a céu aberto, com a inclusão do batuque do Olodum e de outros instrument­os, e essa espécie de comemoraçã­o virou o conhecido pagode baiano de fundo de quintal.

O pagodão de hoje foi moldado a partir dos anos 1990 com o Gera Samba, que por questões judiciais virou o icônico É o Tchan. O eterno grupo das Sheilas e o Harmonia do Samba revolucion­aram o estilo, em questão de melodias, batidas e por ter homens dançando pagode e não só mulheres.

O que temos agora? Vários lançamento­s pop com flertes no estilo que mexe e remexe. Anitta já havia usado o pagodão baiano com destaque em 2020, no ‘misturê’ latino Me Gusta (parceria com Myke Towers e Cardi B). Recentemen­te, Ludmilla caiu de vez no pagodão & funk na ótima parceria Pra Te Machucar, com produção de Major Lazer e ÀTTØØXXÁ. Temos um príncipe nessa crescente tendência. Com parcerias usando o ritmo com pinceladas de funk e trap, Léo Santana apostou na música Século 21, com Luísa Sonza; Samu, single de Vitão; e a impecável e recém-lançada Onda, música de trabalho da artista em ascensão Malía.

Se quiser uma boa imersão no pagodão baiano, você precisa ouvir La Fúria (responsáve­l pelo hit viral de rejeição de Karol Conká no BBB), Nêssa, O Poeta, A Travestis, A Dama e Igor Kannário – o Príncipe do Gueto (ex-vereador de Salvador), além de Psirico (que já coleciona hits como Lepo Lepo e Parabéns, com Pabllo Vittar). Para te ajudar, compilei esses e outros artistas em uma playlist: http://spoti.fi/37TGoaJ. Quando você notar entre as mais tocadas, não vai me dizer que eu não avisei, ok?

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