CONFINADOS FAZEM ACADEMIA EM CASA
Famílias buscam alternativas saudáveis para neutralizar os efeitos negativos do home office
Longe da academia e com recursos limitados, a publicitária Talita Chachamovitz, de 39 anos, procurou conteúdos online e gratuitos para manter uma rotina de exercícios e o cuidado com o bem-estar físico durante a pandemia. Além disso, improvisou com o que tinha em casa, usando objetos que estavam à mão para executar seus treinos diários. “Com o passar dos meses, fui encaixando na minha rotina. Tem os filhos, a casa”, diz. “Me olhar no espelho e me sentir melhor é quase uma terapia. Está sendo sensacional e fazendo a diferença neste período.”
A bancária Giovana Gomes, de 38, tem uma rotina parecida. Antes da pandemia, fazia aulas presenciais de pilates com regularidade. Mas, com a pausa forçada, a coluna começou a reclamar. “Comprei elásticos, tapete de ioga… E tentei aulas por vídeo e aplicativo, mas comigo não funcionou”, conta. A solução encontrada foi a comunicação com o personal trainer pelo
WhatsApp. “Basicamente, ele me liga e passa a aula. Também me manda vídeos, os exercícios que devo fazer.”
Tanto Talita como Giovana acreditam que, apesar de todas as limitações, a pandemia despertou nas pessoas a emergência do bem-estar físico. Segundo pesquisa realizada pela consultoria de estratégia Oliver Wyman, a percepção de bem-estar físico da população brasileira é distribuída de maneira semelhante entre gêneros, faixas etárias e de renda.
Omédico ortopedista Leandro Gregorut, da rede de hospitais São Camilo, acredita que parte dessa busca por melhorias físicas se deve ao fato de que a pandemia forçou muita gente a trabalhar em home office sem a infraestrutura adequada. O que provocou dores e desconforto. “As pessoas começaram semas condições certas, sem cadeiras adequadas, sem apoio para o pé, com mesa baixa”, enumera. “São muitas horas por dia em posições não ergonômicas. Vieram as dores nas costas, nos ombros, braços, tendinite.”
A partir da experiência ruim, as pessoas passaram a se preocupar mais em estar saudáveis. O presidente da Sociedade Brasileira de Personal Trainer, Giulliano Esperança, aponta essa mudança importante e, talvez, definitiva no comportamento de quem procura atividade física. “Antes, quando se pensava em academia e exercícios físicos, a principal ligação era a estética. Agora, neste contexto de pandemia, voltamos a relacionar exercícios com saúde. Isso é muito importante.”