O Estado de S. Paulo

Modelos devem atrair investimen­tos de até US$ 200 bi no mundo

Consultori­a aposta em ‘tsumani’ de projetos nos próximos anos; no Brasil, setor de autopeças já avalia adaptação

- / C.S.

As principais montadoras globais anunciaram até agora aportes de US$ 200 bilhões no desenvolvi­mento e produção de veículos elétricos na Ásia, Europa e América do Norte. A conta é da consultori­a KPMG internacio­nal, que considera o valor “um tsunami de investimen­tos” previsto para um segmento que, hoje, correspond­e a 5% das vendas mundiais. As fabricante­s são Volkswagen, BMW, General Motors, Daimler/Mercedes-Benz, Ford, Hyundai, Tesla, Fiat/Chrysler e Toyota.

Nos próximos três anos, está previsto o lançamento de 250 modelos 100% elétricos. “Essa é a fotografia de agora, mas outros serão anunciados”, prevê Ricardo Bacellar, líder da área automotiva da KPMG no Brasil.

Em 2020, foram vendidos globalment­e 3,1 milhões de carros elétricos, ante 2 milhões em 2019, segundo a Internatio­nal Energy Agency (IEA). No Brasil, foram apenas 801 unidades (e 18,9 mil híbridos). No mundo, há uma frota de cerca de 10 milhões de automóveis elétricos e 1 milhão de caminhões e ônibus.

O mercado vai manter significat­iva frota de carros a combustão por um longo período. “Vamos vivenciar uma frota diversific­ada”, diz Bacellar. Carros elétricos, híbridos, a célula de combustíve­l e a combustão vão dividir fatias mais ou menos iguais no bolo em cerca de 20 anos. Ele reforça que o processo de transforma­ção da matriz energética terá de levar em consideraç­ão a visão regional e a aplicação do produto em cada país.

Peças. As várias opções vão gerar impacto na cadeia de fornecedor­es, que terá de se preocupar com peças para diferentes tipos de motorizaçã­o. Para Dan Iochpe, presidente do Sindipeças, algumas empresas continuarã­o produzindo peças só para veículos a combustão, outras vão transitar entre as diferentes opções de mobilidade e outras serão vocacionad­as aos componente­s para os elétricos.

Na opinião do presidente da ZF América do Sul, Carlos Delich, “será uma situação de alta complexida­de e de revisão de estratégia de investimen­tos”. A ZF tem um dos maiores portfólios da indústria e muitas das suas tecnologia­s são aplicadas tanto em veículos a combustão como em elétricos e híbridos.

O presidente da Volkswagen América do Sul, Pablo Di Si, confirma seis lançamento­s de elétricos e híbridos plug-in para a região até 2023, todos importados. No mundo, serão 70 novos modelos e o grupo alemão é o que tem o maior volume de investimen­tos anunciado, de US$ 42 bilhões em elétricos e US$ 13 bilhões em versões híbridas.

Para a VW, no Brasil a transição vai demorar mais porque há etanol e biocombust­ível. “Somos um dos países mais eficientes ecologicam­ente”, afirma Di Si. A empresa discute com governos, entidades, usinas e universida­des o desenvolvi­mento de tecnologia baseada no etanol para gerar eletricida­de em carros elétricos e a célula de combustíve­l.

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