• Risco para a vacinação
Diretor do Butantan volta a fazer alerta e Doria cita atritos entre o governo federal e a China; cronograma atual em SP está mantido
A demora do governo chinês para liberar insumos para a fabricação da Coronavac pelo Butantan pode atrasar a vacinação no País.
A indefinição para o governo da China liberar a exportação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), necessário para a produção da Coronavac, pode afetar o cronograma de vacinação contra a covid-19 a partir de junho, disse ontem o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Há a expectativa de que o insumo seja liberado até próxima quinta-feira e, assim, chegaria até o dia 18, mas o envio ainda não foi confirmado. O anúncio foi feito durante a entrega de 2 milhões de doses da vacina para o Ministério da Saúde. A imunização dos grupos que já foram anunciados não deve ser afetada pelo problema, segundo Regiane de Paula, do Programa Estadual de Imunização (PEI).
“Para maio, temos a entrega desta semana, 2 milhões no dia de hoje, mais 1 milhão na quarta-feira e 1 milhão e 100 na sexta. E, a partir daí, não teremos mais vacinas, porque não recebemos o IFA. Então, aguardamos a chegada desse material para que isso possa ser processado. Preocupa muito, porque o cronograma de vacinação, não neste momento, mas a partir de junho, poderá sofrer impacto.”
Segundo Covas, a liberação aguardada em São Paulo é de 4 mil litros do insumo. O diretor do instituto e o governador João Doria (PSDB) voltaram a atribuir a dificuldade para o IFA ser liberado à postura do presidente Jair Bolsonaro e de integrantes do governo federal, que fizeram declarações ofensivas contra a China.
“O mesmo laboratório, Sinovac, oferece insumos para o Chile, que não agride a China, que não tem o seu presidente falando mal do governo chinês, do povo chinês e de sua vacina. O fluxo é normal de entrega desses insumos para o Chile. Por que não é para o Brasil? Razões de ordem diplomática e as formas desastrosas de manifestação em relação ao governo da China”, disse o governador.
Procurada, a Embaixada da China não se manifestou até 19h30. O Itamaraty enviou nota em que diz que “Brasil e China dialogam e trabalham constantemente no enfrentamento da crise sanitária”. “A Embaixada do Brasil em Pequim acompanha permanentemente o processo de autorização de exportação de IFAS, atuando sempre com a agilidade necessária. Em diversas ocasiões, inclusive durante recente conversa telefônica do Ministro das Relações Exteriores, Carlos França, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, autoridades chinesas comprometeram-se em fazer todo o possível para cooperar com o Brasil neste momento.”
• Resposta
“A Embaixada do Brasil em Pequim acompanha permanentemente o processo de autorização de exportação de IFAS, atuando sempre com a agilidade necessária.” Itamaraty