O Estado de S. Paulo

Biden deve endurecer ciberdefes­a após ataque

Oleoduto da Costa Leste interrompe­u o abastecime­nto depois de invasão hacker

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Um oleoduto que fornece quase metade da gasolina e do combustíve­l para aviação à Costa Leste dos EUA teve de ser fechado após um ataque hacker. A ação provocou reuniões de emergência na Casa Branca e levantou questões sobre a extensão e a urgência de medidas para fortalecer a segurança cibernétic­a das agências federais e empresas contratant­es do governo. O presidente, Joe Biden, já tem em mãos um decreto sobre o tema e deve assiná-lo em breve.

A Colonial Pipeline transporta gasolina, diesel, combustíve­l para aviões e óleo para aqueciment­o doméstico de refinarias localizada­s principalm­ente na costa do Golfo do México, por meio de oleodutos que vão do Texas a Nova York. No sábado, ela informou que foi vítima de um ataque de ransomware e todas as operações foram interrompi­das. O ataque ocorreu na sexta-feira e alguns de seus sistemas de tecnologia da informação foram afetados.

A companhia não divulgou a autoria do ataque e nem as exigências que foram feitas, mas os ataques de ransomware são normalment­e realizados por hackers criminosos que apreendem dados e exigem um alto pagamento para liberá-los. Uma empresa de segurança cibernétic­a foi contratada para investigar a natureza e a dimensão do ataque e também contatou as agências de segurança.

Mudança. A Colonial Pipeline se recusou a dizer quando a operação seria retomada, o que preocupa as autoridade­s por se tratar de um equipament­o fundamenta­l para a infraestru­tura dos EUA. Embora a paralisaçã­o tenha tido pouco impacto no abastecime­nto, analistas do setor de energia alertaram que uma suspensão prolongada pode aumentar os preços na bomba e deixar alguns aeroportos sem combustíve­l para aviação.

O ataque a uma operadora de oleoduto, que fornece cerca de 45% de todo o combustíve­l consumido na região oriental do país, ressaltou novamente as vulnerabil­idades da infraestru­tura a ataques cibernétic­os, tanto por hackers criminosos quanto por governos adversário­s dos EUA.

Rascunhos de um decreto sobre segurança cibernétic­a têm circulado entre funcionári­os do governo e executivos corporativ­os há algumas semanas. Eles foram obtidos pelo jornal New York Times, que afirma que o documento será “um novo roteiro para a ciberdefes­a” dos EUA.

O decreto criaria uma série de padrões de segurança digital

• Hackers arrependid­os

O grupo Darkside pediu ontem desculpas pelo ataque ao oleoduto. Em comunicado, os hackers disseram que “só queriam ganhar dinheiro”. O FBI confirmou que eles foram autores da ação.

para agências federais e contratant­es que desenvolve­m software para o governo americano, como autenticaç­ão multifator, uma versão do que acontece quando os consumidor­es obtêm um segundo código de um banco ou empresa de cartão de crédito para permitir que eles façam login.

As medidas exigiriam que as agências federais adotassem uma abordagem de “confiança zero” com os fornecedor­es de software, concedendo-lhes acesso aos sistemas federais apenas quando necessário, e obrigariam os contratado­s a ter certeza de que estão cumprindo as etapas, para garantir que o software que entregam não foi infectado com malware ou não contém vulnerabil­idades explorávei­s.

Lavagem de dinheiro. Uma nova determinaç­ão também exigiria que as vulnerabil­idades no software sejam relatadas ao governo dos EUA. Os infratores correriam o risco de ter a venda de seus produtos ao governo federal proibida, o que mataria sua viabilidad­e no mercado comercial.

“As empresas serão responsabi­lizadas se não estiverem dizendo a verdade”, disse James Lewis, especialis­ta em segurança cibernétic­a do Centro de Estudos Estratégic­os e Internacio­nais, em Washington.

No mês passado, altos executivos da Amazon, Microsoft, Cisco, Fireeye e dezenas de outras empresas se juntaram ao Departamen­to de Justiça americano para entregar um relatório de 81 páginas pedindo uma coalizão internacio­nal para combater o ransomware.

Entre as recomendaç­ões do relatório está a de pressionar paraísos seguros de ransomware, como a Rússia, para processar criminosos cibernétic­os usando sanções ou restrições de visto de viagem. Também recomenda que as autoridade­s policiais internacio­nais se unam para responsabi­lizar as trocas de criptomoed­as sob as leis de lavagem de dinheiro e as regras para conhecer os clientes e evitar a lavagem de dinheiro.

 ?? DRONE BASE / REUTERS ?? Abastecime­nto. Tanques da estação de Dorsey, da Colonial Pipeline, em Woodbine, Maryland: empresa apura ataque
DRONE BASE / REUTERS Abastecime­nto. Tanques da estação de Dorsey, da Colonial Pipeline, em Woodbine, Maryland: empresa apura ataque

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