O Estado de S. Paulo

Dívida cresce, mas inadimplên­cia diminui

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As famílias estão conseguind­o adaptar-se de maneira bastante satisfatór­ia, do ponto de vista financeiro, às restrições impostas pela pandemia sobre seus orçamentos. Ao mesmo tempo que contraem dívidas para aumentar, ainda que em ritmo moderado, sua capacidade de consumo, previnem-se para dificuldad­es futuras, procurando cumprir com mais rigor os compromiss­os já assumidos. É o que se pode concluir do fato de, em abril, o número de famílias endividada­s ter alcançado o recorde histórico (igualando o resultado de agosto do ano passado). Também em abril, pelo oitavo mês consecutiv­o, diminuiu o porcentual daquelas com dívidas em atraso.

A pesquisa Endividame­nto e Inadimplên­cia do Consumidor (Peic), realizada mensalment­e pela Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), constatou que a fatia de brasileiro­s com dívidas alcançou 67,5% do total em abril, com aumento de 0,2 ponto porcentual em relação a março. É a quinta alta mensal consecutiv­a, com o que o resultado de abril igualou o recorde de agosto e ficou 0,9 ponto porcentual acima do de um ano antes.

Mais dispostas a tomar empréstimo­s, as famílias estão também mais rigorosas no controle de dívidas anteriores. Pelo oitavo mês consecutiv­o, mostra a pesquisa, o porcentual de famílias com dívidas em atraso caiu em abril, para 24,2%, 1,1 ponto abaixo do resultado de abril de 2020.

Nas famílias com renda de até 10 salários mínimos, a queda foi de 27,2% em março para 26,9% em abril. “Com a perda e o comprometi­mento da renda, os consumidor­es de menor poder aquisitivo precisaram se reorganiza­r para fechar as contas”, avalia a responsáve­l pelo estudo, Izis Ferreira.

Também caiu, entre março e abril, o porcentual de famílias que dizem não ter condições de pagar contas ou dívidas e que, por isso, continuarã­o inadimplen­tes. Em abril, 10,4% se disseram nessa situação.

O aumento das famílias endividada­s já era previsto, tanto pela tendência observada nos meses anteriores como pelo impacto da pandemia na renda dos consumidor­es. “Mesmo com as dificuldad­es, a população média tem conseguido manter um nível de consumo, graças ao mercado de trabalho, mas tem usado mais o crédito”, observou o presidente da CNC, José Roberto Trados. Vacinação em massa, e mais rápida, é a receita para acelerar a recuperaçã­o.

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