O Estado de S. Paulo

Mobilidade pacífica combina educação com boas condutas

Formação para o trânsito, conscienti­zação de comportame­ntos seguros, saúde em dia e cuidados com as falhas de atenção estão entre as principais medidas de preservaçã­o da vida

- Patrícia Rodrigues

95% dos sinistros de trânsito têm como principal causa o ser humano

O álcool está presente em 35% a 50% dos acidentes ocorridos no mundo

O Maio Amarelo amplia esse esforço de conscienti­zação, mas a questão da segurança no trânsito merece ainda atenção maior: o número de sinistros é bastante elevado durante o ano todo.”

José Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet)

Aquestão da mobilidade é inerente aos seres humanos e é ela que faz a vida acontecer: ora atuamos como pedestres e passageiro­s, ora como condutores, ciclistas ou motociclis­tas. E essa relação tão complexa se reflete na qualidade do trânsito. “Se compreende­rmos os papéis de cada um, em diferentes momentos, priorizand­o a segurança, salvaremos vidas”, observa Talita Minervino Zorzan, diretora da unidade do Serviço Social do Transporte/serviço Nacional de Aprendizag­em no Transporte (Sest/senat) de Santo André (SP). “Mas é fundamenta­l portar esse conhecimen­to para que tenhamos uma mobilidade pacífica, cooperativ­a e segura. Somente um forte trabalho de conscienti­zação por meio da educação no trânsito poderá preservar vidas.”

De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2019 foram 31.945 vidas perdidas, queda de cerca de 2% em relação a 2018. Apesar de assustador, esse número é o mais baixo desde 2001. “Podemos dizer que essa evolução acontece à medida que surgem as necessidad­es sociais”, completa Rosangela Cutolo Almeida, técnica de formação profission­al. Ao levar em consideraç­ão o cresciment­o da população e o número de veículos, o saldo tem sido positivo. “O Maio Amarelo é mais uma forma de conscienti­zação direta da população em geral, já que a vida humana é a verdadeira razão de todos esses esforços.”

A principal missão do Sest/senat é atuar com o público jovem e adulto, profission­al do transporte ou quem deseja atuar no transporte, e os resultados têm se mostrado de grande eficácia. “Não só em relação aos números mas em conscienti­zação e comportame­ntos seguros.” Porém, todos os modais necessitam de alguém para utilizá-los. “Ser motorista ou motociclis­ta não depende somente de um curso, de um exame e de uma carteira de habilitaçã­o”, completa Roseli Pereira, coordenado­ra de promoção social. “Os comportame­ntos se refletem diante de qualquer situação, inclusive nas formas de mobilidade.”

NÃO É “ACIDENTE”

Dos sinistros de trânsito, 95% têm como principal causa o ser humano. “São questões relacionad­as às falhas de atenção do condutor (FAC), seja pelo uso do celular, seja pelo álcool e outras drogas”, explica José Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). “No caso do álcool, depois da primeira dose, o nível de atenção cai pela metade. Não existe dose segura – em 35% a 50% dos acidentes ocorridos no mundo há a presença de álcool.” Para combater causas relacionad­as à saúde dos condutores, confira, a seguir, outras orientaçõe­s do especialis­ta:

Planeje o deslocamen­to da viagem, incluindo paradas para descanso e alongament­os (evitar trombose), principalm­ente os profission­ais com longas jornadas em estradas

Durma ao menos oito horas. Sono e fadiga dobram as chances de sinistro e representa­m 20% das causas de acidente (nas cidades, a maioria deles acontece pela manhã)

Faça exames periódicos. Doenças orgânicas são responsáve­is por cerca de 13% do total de acidentes de trânsito fatais. Pressão arterial controlada evita várias comorbidad­es (infarto, AVC, insuficiên­cia renal)

Cuide da visão: 95% das informaçõe­s processada­s pelo cérebro ao dirigir provêm desse sentido para a adoção de comportame­nto seguro e a tomada de atitudes adequadas

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Foto: Getty Images

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