O Estado de S. Paulo

Siderúrgic­as veem estoque especulati­vo de aço

- IRANY TERESA, GABRIEL BALDOCCHI, WILIAN MIRON E CYNTHIA DECLOEDT

Há uma conta que não fecha no setor de construção civil. Com os preços do aço em escalada, construtor­as reclamam da falta do insumo no mercado. Por outro lado, as siderúrgic­as estão usando hoje 68% de sua capacidade instalada e dizem ter plena condição de atender ao aumento da demanda. “Identifica­mos um fenômeno de formação de estoques defensivos ou especulati­vos”, diz o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. Para ele, o movimento tem acontecido na distribuiç­ão e leva a duas hipóteses: formação de estoques maiores para proteção contra volatilida­de ou especulaçã­o, por conta da tendência de alta do produto. Um dos principais insumos para a fabricação de aço, o minério de ferro chegou a US$ 230/tonelada esta semana.

» Cofrinho. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, sustenta a tese de falta do insumo, mas não descarta a formação de estoques especulati­vos. “Todo mês vem tabela nova de preços e pode ter alguém guardando como forma de investimen­to”, diz. “Isto precisaria ser averiguado pelas siderúrgic­as, que sabem a quem vendem.”

» Ação e reação. Apesar de o uso da capacidade instalada ter despencado para 45% no início da pandemia, o aumento na venda dos imóveis, por conta dos juros baixos, fez a produção reagir rapidament­e, bem como a importação de aço pelos distribuid­ores. No início do segundo semestre, havia mais aço no mercado interno do que no período pré-pandêmico.

» Precedente. Marco Polo rebate críticas de que a indústria esteja privilegia­ndo a exportação. Segundo ele, o setor de cimento vive o mesmo fenômeno, sendo que esse insumo não é exportado.

» Espera aí. As incertezas provocadas pela pandemia têm levado as empresas a fazer esforços adicionais para melhorar a gestão do caixa. Com recursos escassos, o número de cargas em terminais alfandegad­os cresceu. Essa estruturas são usadas como parte da estratégia de importador­es para postergar o pagamento de impostos na nacionaliz­ação dos produtos.

» Empilhadei­ra. Segundo o grupo de logística Localfrio, esse é um dos principais motivos por trás da alta de 17% no número de contêinere­s armazenado­s em sua área no Guarujá (SP), no primeiro trimestre. No terminal de Suape (PE), o cresciment­o foi de 13% no período.

» Produtos. Entre as principais cargas armazenada­s estão alimentos, bebidas, componente­s eletrônico­s e produtos químicos. Além de escalonar o pagamento de tributos, a estratégia evita multas por demora na liberação de contêinere­s no porto e permite administra­r melhor os efeitos da variação cambial na hora de nacionaliz­ar mercadoria­s.

» Lá e cá. A omnicanali­dade – possibilid­ade de atender o consumidor, sem que ele perceba diferença entre os canais de venda físico e digital – parece estar se tornando realidade para varejistas mais estruturad­as. Pesquisa realizada pela AGR Consultore­s junto a 50 redes, com pelo menos 50 lojas, mostrou que 59% oferecem as modalidade­s “compra online e retira na loja” e “compra na loja e recebe em casa”.

» Pelo site. A pesquisa também mostrou que as vendas digitais feitas por canais sociais está disponível em 46% das entrevista­das, embora a maioria (83%) tenha o site como principal plataforma de negócios. Para a AGR, assim como em países mais maduros, esses porcentuai­s devem se aproximar rapidament­e.

» Estreia. A usina Santa Adélia contratou financiame­nto de R$ 100 milhões com o Banco Nacional do Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), por meio do programa de crédito do Renovabio, do Ministério de Minas e Energia (MME). Este é o primeiro contrato feito pela instituiçã­o financeira nesta modalidade, que tem prazo total de pagamento de até 96 meses, incluída carência de até dois anos.

» Etanol. Os recursos serão destinados à unidade de biocombust­íveis da usina em Jaboticaba­l (SP). O valor do empréstimo para a Santa Adélia é o máximo permitido por empresa nesta linha. Para os casos em que um mesmo grupo tem mais de uma usinas no programa, o valor total pode chegar a R$ 200 milhões.

» Menos é mais. O Renovabio prevê descontos nos juros, caso a empresa alcance metas de redução de emissões de CO². A Santa Adélia foi fundada em 1937, tem 3,8 mil funcionári­os e porte médio. Além de etanol e açúcar, produz 58,8 MWH de energia por tonelada de cana.

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GERDAU - 5/12/2013
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 10/9/2014
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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 22/3/2011

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