Siderúrgicas veem estoque especulativo de aço
Há uma conta que não fecha no setor de construção civil. Com os preços do aço em escalada, construtoras reclamam da falta do insumo no mercado. Por outro lado, as siderúrgicas estão usando hoje 68% de sua capacidade instalada e dizem ter plena condição de atender ao aumento da demanda. “Identificamos um fenômeno de formação de estoques defensivos ou especulativos”, diz o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. Para ele, o movimento tem acontecido na distribuição e leva a duas hipóteses: formação de estoques maiores para proteção contra volatilidade ou especulação, por conta da tendência de alta do produto. Um dos principais insumos para a fabricação de aço, o minério de ferro chegou a US$ 230/tonelada esta semana.
» Cofrinho. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, sustenta a tese de falta do insumo, mas não descarta a formação de estoques especulativos. “Todo mês vem tabela nova de preços e pode ter alguém guardando como forma de investimento”, diz. “Isto precisaria ser averiguado pelas siderúrgicas, que sabem a quem vendem.”
» Ação e reação. Apesar de o uso da capacidade instalada ter despencado para 45% no início da pandemia, o aumento na venda dos imóveis, por conta dos juros baixos, fez a produção reagir rapidamente, bem como a importação de aço pelos distribuidores. No início do segundo semestre, havia mais aço no mercado interno do que no período pré-pandêmico.
» Precedente. Marco Polo rebate críticas de que a indústria esteja privilegiando a exportação. Segundo ele, o setor de cimento vive o mesmo fenômeno, sendo que esse insumo não é exportado.
» Espera aí. As incertezas provocadas pela pandemia têm levado as empresas a fazer esforços adicionais para melhorar a gestão do caixa. Com recursos escassos, o número de cargas em terminais alfandegados cresceu. Essa estruturas são usadas como parte da estratégia de importadores para postergar o pagamento de impostos na nacionalização dos produtos.
» Empilhadeira. Segundo o grupo de logística Localfrio, esse é um dos principais motivos por trás da alta de 17% no número de contêineres armazenados em sua área no Guarujá (SP), no primeiro trimestre. No terminal de Suape (PE), o crescimento foi de 13% no período.
» Produtos. Entre as principais cargas armazenadas estão alimentos, bebidas, componentes eletrônicos e produtos químicos. Além de escalonar o pagamento de tributos, a estratégia evita multas por demora na liberação de contêineres no porto e permite administrar melhor os efeitos da variação cambial na hora de nacionalizar mercadorias.
» Lá e cá. A omnicanalidade – possibilidade de atender o consumidor, sem que ele perceba diferença entre os canais de venda físico e digital – parece estar se tornando realidade para varejistas mais estruturadas. Pesquisa realizada pela AGR Consultores junto a 50 redes, com pelo menos 50 lojas, mostrou que 59% oferecem as modalidades “compra online e retira na loja” e “compra na loja e recebe em casa”.
» Pelo site. A pesquisa também mostrou que as vendas digitais feitas por canais sociais está disponível em 46% das entrevistadas, embora a maioria (83%) tenha o site como principal plataforma de negócios. Para a AGR, assim como em países mais maduros, esses porcentuais devem se aproximar rapidamente.
» Estreia. A usina Santa Adélia contratou financiamento de R$ 100 milhões com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do programa de crédito do Renovabio, do Ministério de Minas e Energia (MME). Este é o primeiro contrato feito pela instituição financeira nesta modalidade, que tem prazo total de pagamento de até 96 meses, incluída carência de até dois anos.
» Etanol. Os recursos serão destinados à unidade de biocombustíveis da usina em Jaboticabal (SP). O valor do empréstimo para a Santa Adélia é o máximo permitido por empresa nesta linha. Para os casos em que um mesmo grupo tem mais de uma usinas no programa, o valor total pode chegar a R$ 200 milhões.
» Menos é mais. O Renovabio prevê descontos nos juros, caso a empresa alcance metas de redução de emissões de CO². A Santa Adélia foi fundada em 1937, tem 3,8 mil funcionários e porte médio. Além de etanol e açúcar, produz 58,8 MWH de energia por tonelada de cana.