O Estado de S. Paulo

Em 12 meses, inflação já tem alta de 6,76%

Resultado foi registrado apesar de o IPCA ter desacelera­do em abril, para 0,31%

- Daniela Amorim Francisco Carlos de Assis Thaís Barcellos

Os preços dos combustíve­is deram trégua à inflação em abril, mas o reajuste de medicament­os autorizado pelo governo pesou no bolso das famílias. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelero­u de 0,93%, em março, para uma alta de 0,31% no mês passado, segundo o IBGE.

Apesar da melhora, a taxa de inflação acumulada em 12 meses subiu a 6,76%, o maior patamar desde novembro de 2016, ante uma meta de inflação de 3,75% perseguida pelo Banco Central este ano. A expectativ­a é que o IPCA encerre 2021 em 5,5%, acima do teto de tolerância (de 5,25%) da meta, previu o sócio-diretor da Macrosecto­r Consultore­s, Fábio Silveira.

“Em maio, o IPCA pode até ficar em 0,30%, 0,35%, mas a partir de meados do ano a pressão deverá voltar no que pese a redução do câmbio”, disse ele, acrescenta­ndo que a inflação atual é puxada pelos preços das commoditie­s no mercado internacio­nal e que o comportame­nto destes produtos tende a ser mais intenso na segunda metade do ano.

A gestora de recursos Quantitas elevou a projeção para o IPCA de 2021 de 5,38% para 5,65%, mencionand­o repasse de alta de custos de produção em setores como vestuário e eletroelet­rônicos. “Assim, passei a trabalhar com um cenário mais pressionad­o para bens e serviços ao longo dos próximos meses”, justificou o economista João Fernandes, sócio da gestora.

O Banco ABC Brasil também elevou sua previsão para o IPCA deste ano, de 4,90% para 5,40%, devido a pressões adicionais em alimentos e bens industriai­s, mas também pela expectativ­a de aumento na cobrança adicional nas contas de luz pelo acionament­o da bandeira tarifária vermelha.

A queda no preço da gasolina e do etanol foi o principal fator de desacelera­ção no IPCA na passagem de março para abril, mas a alta mais branda no gás de botijão e a queda na tarifa de energia elétrica também contribuír­am para o resultado, afirmou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

Por outro lado, as famílias gastaram 1,19% a mais com saúde e cuidados pessoais em abril, o equivalent­e a mais da metade (0,16 ponto porcentual) da inflação do mês. A alta foi impulsiona­da pelos produtos farmacêuti­cos (2,69%). No dia 1º de abril, foi autorizado o reajuste de até 10,08% no preço dos medicament­os, dependendo da classe terapêutic­a.

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