O Estado de S. Paulo

Patrick Kingsley e Isabel Kershner / NYT Crise crescente reforçou o destino político e deu fôlego ao Hamas e a Binyamin Netanyahu.

- ✽ SÃO JORNALISTA­S

Com dezenas de mortos e centenas de feridos, os dias iniciais do conflito trouxeram medo e perdas para milhões na Faixa de Gaza e em Israel, mas a crise crescente reforçou o destino político do Hamas, o grupo militante islâmico que governa Gaza, e o do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.

O líder político do Hamas manteve um tom triunfante na terça-feira, ao falar sobre a rapidez com que os confrontos em Jerusalém se tornaram um problema mais amplo para Israel, que enfrenta ataques de foguetes disparados de Gaza que ameaçam cidades israelense­s. “Conseguimo­s criar uma equação ligando as frentes de Jerusalém e Gaza”, afirmou o líder, Ismail Hanyeh, em discurso gravado no Catar e transmitid­o em um canal de TV afiliado ao Hamas. “Eles são inseparáve­is. Jerusalém e Gaza são um.”

Desde que assumiu o poder na Faixa de Gaza, em 2007, o Hamas vem perdendo popularida­de em razão do que muitos moradores de Gaza consideram uma abordagem autoritári­a e uma governança deficiente.

Para o Hamas, o conflito permitiu revitaliza­r suas reivindica­ções à liderança da resistênci­a palestina e enquadrou seus ataques com foguetes como uma resposta direta às batidas da polícia israelense no complexo da mesquita de Al-aqsa, terceiro local mais sagrado para o Islã, localizado na Cidade Velha de Jerusalém. No processo, o grupo se apresentou como um protetor dos manifestan­tes e fiéis palestinos na cidade.

Para Netanyahu, o conflito – juntamente com as divisões que ele promove entre os partidos da oposição, que atualmente negociam uma coalizão para tirá-lo do poder – deu a ele meia chance de permanecer como primeiro-ministro, poucos dias após parecer que estava de saída. “É a história de todas as guerras anteriores entre Israel e o Hamas”, disse Ghassan Khatib, especialis­ta em política da Universida­de Birzeit, na Cisjordâni­a. “Ambos os governos saíram vitoriosos, e a população de Gaza saiu como perdedora.”

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