O Estado de S. Paulo

Suzano anuncia nova fábrica de R$ 14,7 bi

Nova unidade, que deverá começar a funcionar em 2024 no município de Ribas do Rio Pardo (MS), terá também estrutura para produção de energia; companhia anunciou que fará investimen­to com geração de caixa, sem tomada de financiame­ntos

- Fernando Scheller COLABOROU WAGNER GOMES /

A gigante de papel e celulose Suzano anunciou ontem a construção de uma nova fábrica, com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano. A unidade ficará no município de Ribas do Rio Pardo (MS), a 100 quilômetro­s de Campo Grande, e deve iniciar produção até o fim do primeiro trimestre de 2024. O projeto prevê um investimen­to industrial de R$ 14,7 bilhões.

A iniciativa foi batizada de “Projeto Cerrado”, em referência à sua localizaçã­o geográfica em Mato Grosso do Sul, e amplia em aproximada­mente 20% a atual capacidade de produção de celulose da Suzano, de 10,9 milhões de toneladas, informou a companhia. A nova fábrica deverá agregar novas tecnologia­s ao processo produtivo, também segundo a empresa.

De acordo com o presidente da Suzano, Walter Schalka, o novo projeto terá o menor custo global de produção para a companhia de celulose. “Provavelme­nte, será o menor custo do setor globalment­e”, disse Schalka, em entrevista ao Estadão, na noite de ontem.

O projeto, que deverá ficar pronto em três anos, vai ser desenvolvi­do sem a tomada de financiame­ntos específico­s para sua construção. A Suzano, que ganhou musculatur­a após incorporar a rival Fibria, diz que, por seu porte, será capaz de investir R$ 14,7 bilhões contando só com o caixa atual e a geração de caixa futura.

O projeto também nasce com preocupaçõ­es ambientais. A energia da nova unidade será produzida também a partir das árvores usadas para a produção de celulose. O processo poderá gerar energia necessária para o funcioname­nto da fábrica e também um excedente de 180 MW (megawatts) que será vendido no mercado de energia.

Outra vantagem do projeto, segundo Schalka, será a proximidad­e entre a planta industrial e as florestas – o raio médio será de cerca de 60 km. A empresa ainda está realizando a compra de áreas para complement­ar a matéria-prima necessária, embora já tenha madeira comprada para o primeiro ciclo de produção, em 2024.

O projeto de Ribas do Rio Pardo foi herdado da Fibria, negócio que foi incorporad­o pela Suzano em 2018 em um acordo de R$ 65 bilhões. A companhia já detinha uma unidade em Três

Lagoas, e o projeto agora anunciado vem para complement­ar o potencial de produção de celulose em Mato Grosso do Sul.

O aumento do preço da celulose, aliado à queda do real frente ao dólar, foi um dos fatores que ajudaram a reduzir o endividame­nto da Suzano nos últimos tempos. A companhia tinha uma alavancage­m – medida pela dívida versus a geração de caixa – de 4,9 vezes em 2019; agora, essa relação está em 3,9 vezes. Schalka disse que essa redução foi fundamenta­l para “destravar” a nova linha de produção.

Ribas do Rio Pardo, uma cidade de 20 mil habitantes, deverá ganhar um impulso econômico com a chegada da fábrica da Suzano. Além do movimento gerado durante o período de construção, o projeto, quando estiver em operação plena, deverá gerar 3 mil empregos, incluindo fábrica e floresta.

Resultado. O novo projeto foi anunciado junto com o novo balanço da Suzano. A empresa registrou um prejuízo de R$ 2,76 bilhões no primeiro trimestre. No mesmo período do ano passado, a perda havia sido de R$ 13,42 bilhões.

A receita líquida da empresa ficou pouco abaixo de R$ 8,9 bilhões, alta de 27% em 12 meses. A Suzano informou que o trimestre foi marcado pela recuperaçã­o do mercado de celulose, especialme­nte na China.

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GABRIELA BILO / ESTADÃO - 18/1/2019 Contas. Schalka, da Suzano: investimen­to foi viabilizad­o por redução do endividame­nto

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