Suzano anuncia nova fábrica de R$ 14,7 bi
Nova unidade, que deverá começar a funcionar em 2024 no município de Ribas do Rio Pardo (MS), terá também estrutura para produção de energia; companhia anunciou que fará investimento com geração de caixa, sem tomada de financiamentos
A gigante de papel e celulose Suzano anunciou ontem a construção de uma nova fábrica, com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano. A unidade ficará no município de Ribas do Rio Pardo (MS), a 100 quilômetros de Campo Grande, e deve iniciar produção até o fim do primeiro trimestre de 2024. O projeto prevê um investimento industrial de R$ 14,7 bilhões.
A iniciativa foi batizada de “Projeto Cerrado”, em referência à sua localização geográfica em Mato Grosso do Sul, e amplia em aproximadamente 20% a atual capacidade de produção de celulose da Suzano, de 10,9 milhões de toneladas, informou a companhia. A nova fábrica deverá agregar novas tecnologias ao processo produtivo, também segundo a empresa.
De acordo com o presidente da Suzano, Walter Schalka, o novo projeto terá o menor custo global de produção para a companhia de celulose. “Provavelmente, será o menor custo do setor globalmente”, disse Schalka, em entrevista ao Estadão, na noite de ontem.
O projeto, que deverá ficar pronto em três anos, vai ser desenvolvido sem a tomada de financiamentos específicos para sua construção. A Suzano, que ganhou musculatura após incorporar a rival Fibria, diz que, por seu porte, será capaz de investir R$ 14,7 bilhões contando só com o caixa atual e a geração de caixa futura.
O projeto também nasce com preocupações ambientais. A energia da nova unidade será produzida também a partir das árvores usadas para a produção de celulose. O processo poderá gerar energia necessária para o funcionamento da fábrica e também um excedente de 180 MW (megawatts) que será vendido no mercado de energia.
Outra vantagem do projeto, segundo Schalka, será a proximidade entre a planta industrial e as florestas – o raio médio será de cerca de 60 km. A empresa ainda está realizando a compra de áreas para complementar a matéria-prima necessária, embora já tenha madeira comprada para o primeiro ciclo de produção, em 2024.
O projeto de Ribas do Rio Pardo foi herdado da Fibria, negócio que foi incorporado pela Suzano em 2018 em um acordo de R$ 65 bilhões. A companhia já detinha uma unidade em Três
Lagoas, e o projeto agora anunciado vem para complementar o potencial de produção de celulose em Mato Grosso do Sul.
O aumento do preço da celulose, aliado à queda do real frente ao dólar, foi um dos fatores que ajudaram a reduzir o endividamento da Suzano nos últimos tempos. A companhia tinha uma alavancagem – medida pela dívida versus a geração de caixa – de 4,9 vezes em 2019; agora, essa relação está em 3,9 vezes. Schalka disse que essa redução foi fundamental para “destravar” a nova linha de produção.
Ribas do Rio Pardo, uma cidade de 20 mil habitantes, deverá ganhar um impulso econômico com a chegada da fábrica da Suzano. Além do movimento gerado durante o período de construção, o projeto, quando estiver em operação plena, deverá gerar 3 mil empregos, incluindo fábrica e floresta.
Resultado. O novo projeto foi anunciado junto com o novo balanço da Suzano. A empresa registrou um prejuízo de R$ 2,76 bilhões no primeiro trimestre. No mesmo período do ano passado, a perda havia sido de R$ 13,42 bilhões.
A receita líquida da empresa ficou pouco abaixo de R$ 8,9 bilhões, alta de 27% em 12 meses. A Suzano informou que o trimestre foi marcado pela recuperação do mercado de celulose, especialmente na China.