O Estado de S. Paulo

Só 3 diretórios do PSDB defendem prévias neste ano

Modelo de disputa interna para definir candidato a presidente em 2022 provoca racha no comando da sigla e ameaça plano de Doria

- Pedro Venceslau Bruno Ribeiro Tulio Kruse LEVANTAMEN­TO ESTADÃO INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO /COLABOROU LAURIBERTO POMPEU

Levantamen­to do Estadão nos 27 diretórios estaduais do PSDB mostra que só três deles – SP, RJ e GO – defendem realizar prévias para decidir o candidato do partido ao Palácio do Planalto ainda neste ano. A consulta antecipada interessa ao governador de São Paulo, João Doria, que tenta aval da sigla para entrar na corrida presidenci­al de 2022. Os dirigentes tucanos em outros nove Estados afirmam preferir que a escolha seja adiada para o ano que vem. Os demais não quiseram opinar ou não respondera­m.

A maioria dos dirigentes também evitou declarar apoio a um dos nomes da disputa interna. Até o momento, quatro tucanos se apresentar­am para concorrer: além de Doria, o senador Tasso Jereissati (CE), o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.o governador paulista é o preferido de quatro diretórios – AC, MS, RJ e SP. Tasso, Leite e Arthur, apenas nos seus próprios Estados.

A princípio, a escolha do representa­nte tucano na corrida presidenci­al está marcada para 17 de outubro, mas há pressão para alterar a data. A realização das prévias neste prazo atende a Doria porque lhe daria tempo para acionar o “plano B” caso não seja o preferido do partido à disputa. Como revelou o Estadão, ele não descarta a hipótese de tentar a reeleição em São Paulo.

Em outro ponto que demonstra resistênci­a de diretórios regionais ao plano de Doria,oito Estados defendem restringir a consulta interna a um colégio eleitoral. Para o governador paulista, o ideal é que todos os 1.379.564 filiados da sigla possam votar. A eleição ampla poderia beneficiá-lo, pois o diretório de São Paulo é maior do País, com 301 mil cadastrado­s.

Definições. A comissão instalada pela sigla para definir o modelo das prévias tem até o próximo dia 31 para apresentar uma proposta. O presidente do partido, Bruno Araújo (PE), recomenda que a escolha do presidenci­ável tucano ocorra em 17 de outubro, mas a palavra final será da comissão executiva do partido. “Seria melhor no começo do ano que vem. Ainda estamos em uma fase aguda da pandemia”, disse o deputado federal Paulo Abi-ackel, presidente do diretório estadual de Minas.

Segundo o ex-deputado Marcus Pestana (MG), que faz parte da comissão, uma das ideias em pauta é delimitar um colégio eleitoral de cerca de 150 mil pessoas com vínculo institucio­nal “inequívoco” com o PSDB. Isso inclui dirigentes locais, secretário­s, vereadores, prefeitos, vices, deputados, senadores e governador­es. “Mas a bancada federal apresentou a ideia de uma ponderação federativa que leve em consideraç­ão a população de cada Estado”, afirmou Pestana. Para ele, a proposta de realizar prévias com voto de todos os filiados esbarra no problema do cadastro do PSDB, que está desatualiz­ado.

“O PSDB tem condições de atualizar seu cadastro até outubro e fazer eleições diretas em outubro de 2021”, disse Marco Vinholi, presidente do PSDB paulista e aliado de Doria.

A avaliação de integrante­s da cúpula do PSDB é que, hoje, o governador paulista está em desvantage­m na executiva e nas bancadas do partido na Câmara e no Senado, o que se reflete nos números do levantamen­to junto aos diretórios.

Sem candidato. Uma ala de deputados do PSDB tem defendido que o partido não tenha candidato próprio em 2022 e apoie outro no nome do “polo democrátic­o” com bom potencial eleitoral. Liderado pelo deputado Aécio Neves (MG), esse grupo avalia que, assim, os recursos do Fundo Eleitoral poderiam privilegia­r as campanhas a deputado estadual e federal, senador e governador.

“Não é hora de o PSDB escolher um nome, qualquer que seja ele. É hora de o PSDB ter um desprendim­ento, trabalhar uma candidatur­a de centro que pode ser do PSDB e pode também não ser”, disse Aécio ao Estadão.

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