Deputada republicana é destituída de cargo por discordar de Trump
Partido puniu Liz Cheney por suas críticas ao ex-presidente e por rejeitar as alegações de fraude na eleição de 2020
Os republicanos da Câmara de Deputados destituíram ontem Liz Cheney, crítica de Donald Trump, de um cargo de liderança do partido, demonstrando que ainda mantêm uma profunda lealdade ao ex-presidente. Deputada conservadora do Estado do Wyoming e filha do exvice-presidente Dick Cheney (no governo de George W. Bush), Liz perdeu seu posto de presidente da bancada republicana, o terceiro cargo mais importante do partido na Casa.
A 18 meses das eleições de meio de mandato e a 3 anos da próxima disputa pela Casa Branca, o Partido Republicano decidiu punir Liz por suas frequentes críticas a Trump e por ela repudiar a teoria da conspiração de que os democratas cometeram fraude na eleição presidencial de 2020.
Liz também foi um dos dez votos de deputados republicanos favoráveis ao impeachment de Trump após a invasão do Capitólio. “Farei o que estiver ao meu alcance para garantir que o ex-presidente não volte nunca mais (ao poder)”, declarou Liz à imprensa, no Congresso, após a decisão.
Os republicanos alegaram ter agido em favor da unidade do partido e disseram que as críticas de Liz a Trump e ao que ela considera um “culto à personalidade perigoso e antidemocrático” nada fizeram para unir uma bancada fraturada após a última eleição presidencial.
Trump reagiu rapidamente, afirmando que Liz é um ser humano “amargo e horrível”. “Ela é uma belicista, cuja família nos empurrou estupidamente para as desastrosas guerras sem fim no Oriente Médio, afundando nossos recursos e esgotando nossas Forças Armadas”, disse o ex-presidente, acrescentando, em tom de ironia, que espera vê-la em breve como comentarista da CNN.
Na terça-feira à noite, Liz fez um discurso desafiador na Câmara dos Deputados, alertando seus companheiros de bancada sobre a possibilidade de um “desmoronamento” da democracia, já que o ex-presidente continua enganando milhões de americanos e semeando dúvidas sobre a integridade das eleições.
“Ficar em silêncio e ignorar a mentira encoraja o mentiroso”, disse Liz, em um plenário quase vazio. “Não vou ficar sentada em silêncio, enquanto outros levam nosso partido por um caminho que abandona o Estado de Direito e se junta à cruzada do ex-presidente para minar nossa democracia.”
O líder da minoria republicana da Câmara, Kevin Mccarthy, e o número 2 do partido, Steve Scalise, endossaram o nome de uma jovem deputada que apoia Trump, Elise Stefanik, como substituta de Liz. A votação para preencher o cargo ainda não foi marcada, já que alguns republicanos temem que Stefanik não seja conservadora o suficiente. Muitos no Partido Republicano acreditam que a legenda não pode avançar sem o trumpismo, independentemente de onde Trump esteja.