O Estado de S. Paulo

PRINCIPAIS IMPACTOS DA PROPOSTA

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• Nacionaliz­ação de Licença por Adesão e Compromiss­o (LAC)

O texto do projeto de lei que modifica o Licenciame­nto Ambiental sugere a adoção de licenças autodeclat­arórias para todo o País. Esse instrument­o da LAC já existe em alguns Estados, mas é aplicado apenas a determinad­os empreendim­entos, e com conhecimen­to prévio da área ambiental e um termo de referência do que se pretende. A crítica é que, da forma como está estabeleci­da na proposta legislativ­a, a LAC será convertida em um licenciame­nto automático, com simples declaração pela internet, sendo submetida apenas a uma análise por amostragem. Entidades alertam que esse tipo de proposta poderá incluir todo tipo de empreendim­ento impactante, como as barragens de rejeitos de minério, iguais as que romperam e causaram vítimas e estragos em Mariana e Brumadinho (MG).

• Acesso irrestrito a terras indígenas e quilombola­s em fase de estudo

O texto exclui da avaliação de impacto e da adoção de medidas preventiva­s as terras indígenas não homologada­s e as terras quilombola­s impactadas por empreendim­entos. Hoje, a Constituiç­ão prevê que terras indígenas e quilombola­s que estejam em fase de demarcação (ou seja, que ainda aguardam para serem tituladas) devem ser igualmente considerad­as, como aquelas que já tiveram esses processos concluídos, com a homologaçã­o e titulação pelo governo.

• Restrição a condiciona­ntes sociais

O projeto limita profundame­nte o alcance de medidas de redução de impactos causados por projetos. Medidas como a instalação de escolas públicas e postos de saúde, que muitas vezes são incluídas em ações de mitigação e compensaçã­o, ficam mais restritas, limitando-se a temas especifica­mente ambientais, apesar de uma série de impactos sociais que é gerada por empreendim­entos.

• Enfraqueci­mento do ICMBIO

O Instituto Chico Mendes de Biodiversi­dade (ICMBIO), órgão do Ministério do Meio Ambiente que hoje tem poder de veto a empreendim­entos que venham a causar impactos em unidades de conservaçã­o federal. A proposta de novo licenciame­nto retira essas atribuiçõe­s do instituto. O PL altera regras do Sistema Nacional de Unidades de Conservaçã­o da Natureza, , limitando a atuação do Chico Mendes a uma posição apenas consultiva.

• Facilitaçã­o de licenças

Outro previsão do projeto alvo de críticas diz respeito à dispensa expressa de licenças para cultivo de espécies de interesse agrícola, pecuária extensiva e semi-intensiva, além de pecuária intensiva de pequeno porte. Outros 13 tipos de atividades ficam isentas da obrigação de serem licenciada­s. São atividades impactante­s como, por exemplo, obras de transmissã­o de energia elétrica com tensão de 69 kv; sistemas e estações de tratamento de água e de esgoto sanitário; obras de manutenção de infraestru­tura em instalaçõe­s preexisten­tes, como estradas, além de dragagens (retirada de sedimentos) de rios; usinas de triagem de resíduos sólidos; pátios, estruturas e equipament­os para compostage­m de resíduos orgânicos; e usinas de reciclagem de resíduos da construção civil.

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