O Estado de S. Paulo

Ford fecha acordo para indenizar 5 mil pessoas na Bahia.

Mínimo a ser recebido por funcionári­o será R$ 130 mil; montadora decidiu encerrar produção no País e vai operar só como importador­a

- Cleide Silva

A Ford e o Sindicato dos Metalúrgic­os de Camaçari (BA) fecharam acordo para a indenizaçã­o dos 4 mil trabalhado­res da montadora e cerca de mil das empresas de autopeças que operam no complexo. A planta será fechada nas próximas semanas. Em assembleia de funcionári­os realizada ontem, a aprovação foi unânime. A proposta é similar à negociada com empregados da unidade de Taubaté (SP) há pouco mais de um mês.

Além dos direitos garantidos na rescisão de contratos, o pessoal da área de produção vai receber dois salários extras por ano trabalhado, sendo que o mínimo a ser recebido é de R$ 130 mil, mesmo que a conta seja inferior a esse valor. Também será pago um montante fixo adicional conforme a faixa salarial. Os mensalista­s vão receber um salário a mais por ano de serviço.

Em nota, a Ford informa que também faz parte do acordo a concessão de seis meses de plano médico para o funcionári­os e familiares e uma remuneraçã­o adicional aos empregados com restrição médica ocupaciona­l.

“Além dos itens previstos no acordo, a Ford já está oferecendo um programa de qualificaç­ão dos trabalhado­res e também irá oferecer um suporte para recolocaçã­o por meio da contrataçã­o de uma empresa especializ­ada”, diz a nota.

A fábrica da Bahia segue em operações parciais, produzindo peças para o mercado de reposição. A empresa já iniciou negociaçõe­s para a venda do complexo de Camaçari – onde também operavam 16 fornecedor­es de peças –, e das instalaçõe­s da unidade de Taubaté.

Saída. Em janeiro, a multinacio­nal americana anunciou que deixaria de produzir veículos no Brasil, e passaria a vender apenas modelos importados da marca. Com isso, informou o fechamento da fábrica da Bahia, onde eram produzidos os modelos Ka e Ecosport, e a do interior de São Paulo, que empregava 750 pessoas e fazia motores.

A filial que produz os jipes Troller, em Horizonte (CE), terá as atividades encerradas no fim do ano. A montadora já tinha fechado, em 2019, a planta de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e a área foi vendida à Construtor­a São José, em parceria com a Áurea Asset Management, por R$ 550 milhões. O grupo já começou as obras para transforma­r o local em um grande centro logístico.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgic­os de Camaçari, Julio Bonfim, para chegar à proposta construída conjuntame­nte ocorreram 33 rodadas de negociação entre as partes, após mediação do Tribunal Regional do Trabalho. Segundo ele, incluindo as autopeças que atuam no complexo, o acordo vai beneficiar quase 5 mil trabalhado­res: “Diante do fechamento da fábrica não nos restou outra opção a não ser lutar pelos direitos da categoria.”

A Ford negocia ainda indenizaçõ­es com a rede de concession­árias. Estima-se que metade das 283 lojas fechem as portas ou negociem representa­ção com outras marcas.

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GABRIELA BILO / ESTADAO-19/2/2019 Fim da linha. Fábrica de São Bernardo do Campo foi a primeira ser fechada, em 2019

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