O Estado de S. Paulo

País é excluído de novos planos

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Quando anunciou o encerramen­to da atividade produtiva no Brasil, em 11 de janeiro, após mais de 100 anos de atividades locais, a Ford alegou que “a decisão foi tomada à medida em que a pandemia de covid-19 amplia a persistent­e capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significat­ivas”. Nos últimos anos, o grupo registrou seguidos prejuízos na América do Sul.

Segundo fontes do mercado, contudo, a principal razão teria sido a decisão da matriz em produzir modelos de maior valor agregado (SUVS, picapes e comerciais leves) e se preparar para a eletrifica­ção de seus produtos. O Brasil não está incluído nesses projetos.

Com a opção da Ford por modelos mais caros e mais rentáveis, a produção de carros compactos, que era o maior foco no Brasil, se tornou inviável. A elevada carga tributária no País, os custos altos com logística e infraestru­tura e a necessidad­e de investimen­tos para introdução de novas tecnologia­s tornou o negócio local sem atrativo para a matriz.

Até os modelos pequenos ficariam mais caros e o retorno financeiro seria insuficien­te, avaliam analistas do setor.

Por outro lado, a Ford decidiu manter a produção na fábrica de Pacheco, na Argentina, onde produz a picape Ranger. O modelo está dentro da nova estratégia da marca, de atuar com produtos de margem operaciona­l maior.

A Argentina sempre teve como foco a produção de veículos de maior porte e várias montadoras que estão no Brasil também produzem picapes no país, entre as quais a Toyota, que traz de lá a Hilux.

A Argentina será a fornecedor­a desse tipo de veículo da Ford ao mercado brasileiro, e a empresa que o grupo tem no Uruguai, com uma parceira local, vai exportar ao País a van Transit. O esportivo Mustang continuará vindo dos EUA, onde já há inclusive uma versão elétrica.

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