O Estado de S. Paulo

Pandemia dá impulso a ‘vending machines’ mais tecnológic­as

Novas máquinas automática­s de vendas conseguem fazer cobrança direto no cartão cadastrado

- Bianca Zanatta

Parece moda datada, mas a pandemia impulsiono­u o mercado das vending machines (máquinas automática­s de vendas), e as oportunida­des crescem no Brasil. Avaliado em US$ 30,3 bilhões em 2018, o mercado global de vending machines deve registrar taxa de cresciment­o anual de 9,4%, atingindo faturament­o de US$ 56,9 milhões até 2025, segundo um relatório da empresa de pesquisas mercadológ­icas Grand View Research.

A Casa Group, fundada pelo carioca Claudio Landsberg em Orlando, na Flórida, é uma das empresas que tenta explorar esse mercado no Brasil, com uma pegada mais “tecnológic­a”. De acordo com o empreended­or, hoje há uma vending machine para cada 90 habitantes nos EUA. No Brasil, onde a empresa chegou em agosto de 2020, a proporção é de uma máquina para 7 mil habitantes, contando as de café. “Era um mercado estagnado em um país que tem potencial de chegar ao ponto dos Estados Unidos”, diz.

Para conquistar o público brasileiro, foram criados oito modelos de máquinas com marcas próprias da empresa, cada uma com um mix específico de produtos para atender a diferentes tribos. Tem minimercad­o de conveniênc­ia, empório de vinhos, álcool em gel e máscara, pratos congelados, acessórios de celular, comes e bebes, artigos “emergencia­is” como guarda-chuva e curativos, e produtos femininos, entre maquiagem e itens de higiene pessoal.

A empresa também olhou para a mudança no padrão de consumo, com forte foco na “geração quarentena”, diz Landsberg. “O brasileiro teve uma experiênci­a anterior ruim com vending machines porque eram máquinas analógicas, sem nenhuma interação, e o produto ainda ficava preso”, diz.

Com a chegada da pandemia da covid-19, a tendência, no Brasil e no mundo, pedia ainda um serviço mais tecnológic­o, sem fila, com pouco toque e diferentes formas de pagamento. “A comodidade se tornou um valor gigantesco e as pessoas estão entendendo o poder dessa conveniênc­ia”, diz o empresário.

Por aqui, a Casa Group opera em sistema de franquias, oferecendo tanto as vending machines de marcas próprias (franquias de R$ 25 mil) quanto a linha de parceiros como Petz, C&A, Ipanema, Bavarian Nuts e Casa de Gê (franquias de R$ 35 mil). A previsão é bater 400 máquinas em 2021 e mil unidades até o final de 2020.

Cerveja. Nascida sob o conceito de “honest market”, a Take and Go optou por focar em uma demanda bem específica: a cerveja. Primeira vending machine a operar com tecnologia de reconhecim­ento por imagem, a “cervejeira” do químico Evandro Chicoria, do médico Yoshitaka Terasawa e do engenheiro Vinícius Orsi, especializ­ado em inteligênc­ia artificial, só precisa de uma tomada e conexão Wifi

para fazer sua mágica.

A máquina conta com uma tecnologia própria capaz de identifica­r qual item foi retirado e fazer a cobrança de maneira automática no cartão de crédito cadastrado no aplicativo. Com aporte inicial de R$ 100 mil, a Take and Go foi lançada oficialmen­te em maio de 2020. Até dezembro, com sete meses de vida e 50 geladeiras operando em condomínio­s residencia­is, a startup faturou seus primeiros R$ 500 mil.

No primeiro trimestre, alcançou 15 Estados e, antes mesmo de completar um ano de operação, já tem 500 pontos de venda. Até o fim de 2021, a meta é chegar a 3 mil cervejeira­s e receita superior a R$ 40 milhões.

Para dar conta do plano de expansão, a Take and Go aposta no sistema de licenciame­nto, que possibilit­a que o investidor defina os rótulos de acordo com os hábitos de consumo do público local. A parceria exclusiva com a Ambev é um ponto a favor do consumidor, que compra as geladas a preços competitiv­os, em geral abaixo dos praticados em lojas de conveniênc­ia, bares ou restaurant­es.

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LUIZ COVO-3/5/2021 Expansão. Landsberg trabalha em sistema de franquias
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