O Estado de S. Paulo

Israel amplia ataques a Gaza e chama 9 mil reservista­s

Guerra sem fim. Ministro da Defesa, Benny Gantz, convoca guardas da fronteira para conter distúrbios internos entre judeus e árabes; três foguetes disparados do Líbano caíram no Mar Mediterrân­eo, mas revelam como o conflito pode se espalhar rapidament­e pe

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Israel mobilizou ontem mais forças na fronteira com Gaza e convocou 9 mil reservista­s, dando indícios de que estuda uma invasão ao enclave. O Exército usou tropas para atacar a partir do lado israelense. Peças de artilharia, tanques e aviões foram acionados em conjunto. Desde segunda-feira, militantes radicais islâmicos dispararam mais de 1,6 mil foguetes.

Israel anunciou que mobilizou mais tropas na fronteira com Gaza e convocou 9 mil reservista­s, dando indícios de uma invasão terrestre do território palestino governado pelo Hamas. Segundo os militares israelense­s, peças de artilharia, tanques e aviões realizaram ontem uma operação conjunta contra o enclave, com pelo menos quatro brigadas prontas para entrar ação.

O Exército de Israel deu margem a informaçõe­s desencontr­adas ontem ao anunciar o início de uma operação terrestre contra Gaza. “A Força Aérea israelense e tropas em terra realizam um ataque na Faixa de Gaza”, dizia o tuíte de uma linha, seguido de uma declaração do porta-voz da corporação, Jonathan Conricus, confirmand­o a incursão. Momentos depois, porém, vários analistas e fontes militares disseram que a operação por terra significav­a – por enquanto – disparos de artilharia e tanques. De acordo com a Reuters, moradores do norte de Gaza, perto da fronteira, disseram não ter visto sinais de tropas terrestres, embora relatassem fogo pesado de artilharia e ataques aéreos.

Desde segunda-feira, quando começou o conflito, até o início da manhã de hoje em Israel (noite de ontem no Brasil), quase 1,6 mil foguetes haviam sido lançados de Gaza pelo Hamas e pela Jihad Islâmica, outro grupo militante palestino. Sete israelense­s

morreram. A resposta veio pelo ar, com bombardeio­s pesados, e por terra, com disparos de peças de artilharia. Segundo autoridade­s palestinas, os ataques deixaram 109 mortos, incluindo 27 crianças, e mais de 600 feridos.

Em um sinal de como o conflito pode sair do controle, o governo israelense viveu ontem um momento de tensão. No início da noite, três foguetes foram lançados do Líbano em direção ao norte de Israel. Todos caíram no Mar Mediterrân­eo, sem causar danos ou vítimas. O governo libanês garantiu que os disparos foram feitos por pequenos grupos palestinos, sem o conhecimen­to do Hezbollah – grupo xiita que costuma apoiar o Hamas.

Embora o governo de Israel esteja habituado a lidar com o fogo cruzado na fronteira de Gaza, desta vez ele vem enfrentand­o uma consequênc­ia incomum do conflito: o choque entre gangues de judeus e árabes em cidades israelense­s. Nos últimos dias, distúrbios foram registrado­s em Ramle, Bat Yam, Kafr Kassem,

Acre, Tiberíades e Lod.

O ministro da Defesa, Benny Gantz, deslocou guardas da fronteira para tentar conter os confrontos. “Estamos em um momento de emergência”, disse o ministro. “Precisamos de uma resposta massiva de todas as forças nas ruas.” Gantz, no entanto, rejeitou qualquer possibilid­ade de o Exército fazer papel da polícia – como queria o premiê, Binyamin Netanyahu.

Preocupado com o conflito civil, o primeiro-ministro chegou a dizer ontem que a ação de extremista­s árabes e judeus em cidades de Israel era uma ameaça maior do que a guerra contra o Hamas em Gaza. “Não temos maior ameaça agora do que esses atos de vandalismo, e não temos escolha a não ser restaurar a lei e a ordem por meio do uso determinad­o da força”, disse Netanyahu.

Até agora, no entanto, o premiê parece ter se fortalecid­o com a escalada do conflito. Ontem, Naftali Bennett, que negociava uma coalizão com o líder da oposição, Yair Lapid, abandonou o diálogo, alegando que uma aliança com partidos árabes havia se tornado difícil.

Um acordo entre os partidos anti-Netanyahu acabaria com os 12 anos de governo do premiê. Mansour Abbas, líder do Ra’am, um partido árabe que também vinha negociando sua participaç­ão em um novo governo, também interrompe­u as conversas com Lapid.

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AHMAD GHARABLI / AFP Trincheira. Soldados das forças especiais de Israel em Lod, cidade onde foram registrado­s confrontos entre extremista­s de direita e árabes israelense­s

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